Às 18h6min de ontem (4/5), foi anunciado o desfecho da mais recente crise no primeiro escalão do governo do Estado. Em comunicado oficial, o Palácio Piratini anunciou a saída da titular da Secretaria do Meio Ambiente, a bióloga Vera Callegaro, que 24 horas antes havia dito não haver motivo para deixar o cargo.
Segundo o governo, a secretária antecipou a saída por orientação médica. Em razão de uma cirurgia no dia 14, seria necessário um "repouso prévio". Por meio da nota oficial, a governadora lamentou a decisão da auxiliar: "Vera é um exemplo de servidora pública, capaz, leal e competente".
O Piratini sustentou que a secretária tomou a iniciativa de pedir demissão, e Vera forneceu versões contraditórias. Ela relatou que houve um acordo em reunião de mais de duas horas na ala residencial do palácio no início da tarde de ontem. Em outros momentos, disse que pediu para sair. Referiu-se a um acerto pelo qual continuaria trabalhando para o governo - "fora da secretaria", acrescentou. .
Ao fazer a abertura do 9º Encontro do Fisco Estadual Gaúcho, em Bento Gonçalves, na noite de ontem, Yeda comentou pela primeira vez a demissão. Após elogiar o trabalho da amiga, disse:
- Não tenho dúvida de que ela estará conosco novamente em breve.
A governadora enfatizou que Vera não ficará na pasta do Meio Ambiente. Acrescentou que a crise não está atrapalhando as ações do governo. Além disso, enfatizou que a população não estaria acostumada com "a transparência com que as questões são tratadas pelos novos gestores do Estado".
Ontem, Vera apresentou um relatório das atividades a Yeda. As duas almoçaram juntas. Amigas há 30 anos, Yeda conversou com a colaboradora sem a presença de outros secretários.
À frente do Desenvolvimento, o secretário Nelson Proença disse estar surpreendido com o que ocorreu. Ele teria sido avisado pelo chefe da Casa Civil, Fernando Záchia, pouco depois da divulgação do comunicado no site oficial do Estado.
- Juro que não sei o que houve. A governadora tem uma relação pessoal muito estreita com Vera. Creio que as duas devem ter se acertado e combinado algo (entre quinta e sexta-feira) - relatou o secretário por volta das 19h de ontem.
Até as 18h de ontem, o marido de Vera, Carlos Callegaro, parecia desconhecer a decisão da mulher. Ele afirmou que os adversários da então secretária ficariam sem o que fazer com o que parecia ser a permanência da bióloga na pasta.
- Por trás daquela cara de fragilidade, há cérebro. Nós, acadêmicos, não temos de ter a força de braço e pulso forte, mas inteligência. Esse fator foi decisivo para a superação da crise esta semana. Com alívio, comemoramos muito o aniversário de Vera ontem (quinta-feira) porque tudo foi resolvido.
Interlocutores se disseram surpresos com desfechoMesmo assim, interlocutores de Yeda garantem que a saída já estava decidida na segunda-feira. Naquele dia, foi combinado que Vera receberia um cargo no Piratini, provavelmente em uma assessoria técnica. Na quarta-feira, ela foi avisada de que a demissão era certa.
Na quinta-feira à tarde, dia do aniversário de 59 anos da bióloga, Yeda afirmou que a secretária iria escolher o próprio destino. À noite, participou da festa no Clube Caixeiros Viajantes.
- Vera tinha sido avisada da demissão. Não entendi aquela reviravolta na quinta. Pensei que as duas tinham se entendido. Não sei o que ocorreu. Todos estavam comemorando como se ela fosse permanecer no cargo - confessou um tucano.
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Zero Hora, 05/05/2007)