Ainda é cedo para dizer se efetivamente os empresários presos pela Polícia Federal (PF) pagaram mesmo propina para seus megaempreendimentos em Florianópolis. O inquérito está em andamento, o processo não começou e os advogados ainda não firmaram defesa.
Mas é certo que o esquema de chantagem a que os empresários são submetidos pelos barnabés encarregados de dar licenças ambientais - tantas vezes cochichado em coquetéis, mas nunca provado nos papéis - sofrerá um abalo. A maioria das empresas que têm interesses em áreas verdes (preservadas por lei ou não) coleciona histórias sobre dificuldades na aprovação de projetos ambientais. E de pessoas que conseguiram desentravar seus planos de expansão, mediante agrados aos responsáveis por zelar pelas ditas áreas verdes.
Agora a PF ganhou a chance de mostrar que a lenda do propinoduto na área governamental do meio ambiente tem fundamento. Pelo quilate dos presos, as provas terão de ser robustas.
Quanto aos empresários, fica o recado: parece estar no fim a era da construção a qualquer preço e por quaisquer métodos. Especialmente numa cidade que se quer modelo de qualidade de vida ao ar livre, como Florianópolis. E às custas de um dos meios mais agredidos do planeta, o ambiente.
(Por Humberto Trezzi,
Zero Hora, 05/05/2007)