Representantes de países da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD, na sigla em inglês) estiveram reunidos na capital da Namíbia, Windhoek, de 25 a 28 de abril, integrando as propostas dos diferentes continentes para enfrentar este problema que provoca miséria humana, perda de biodiversidade e aquecimento global. Junto com Chile e Cuba, o Brasil é um dos países que representam toda a América Latina e Caribe. Portanto, esteve presente nas reuniões por intermédio dos Ministérios do Meio Ambiente e das Relações Exteriores.
De acordo com o coordenador-técnico do Programa de Combate à Desertificação do MMA, José Roberto Lima, que participou dos trabalhos, um dos pontos positivos do encontro no sudoeste da África foi o fortalecimento e a integração dos órgãos que formam a convenção: o Comitê de Ciência e Tecnologia, o Mecanismo Global, e o Cric (Comitê de Revisão da Implementação da UNCCD). "As novas funções do secretariado também foram definidas. Assim, teremos mais velocidade e capacidade de decisões", disse José Roberto.
No dia 10 de maio estarão disponíveis os relatórios elaborados durante a reunião de Windhoek. Eles passarão por uma consulta entre os representantes regionais, entre eles o Brasil, e serão concluídos em uma nova rodada de trabalho, programada para começar no dia 29 de maio, na Suíça. O Brasil defenderá os interesses regionais, explica José Roberto, muito próximos das propostas do bloco africano, o continente mais afetado pela desertificação.
Depois do relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) no começo de abril, na Bélgica, o tema ganhou mais atenção da opinião pública mundial, pois a desertificação é uma via de mão dupla em relação ao aquecimento global. Ao mesmo tempo que ela é uma conseqüência das mudanças climáticas, também aumenta o calor do Planeta. Além disso, enfrentar o problema é um caminho para evitar migrações maciças de populações e a disseminação da fome. No mundo, as regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas representam quase um terço da superfície terrestre, abrigam 1 bilhão de seres humanos e são responsáveis por 22% da produção mundial de alimentos.
A falta de água para consumo humano, por exemplo, será um dos maiores problemas deste século e possui relação direta com a desertificação e o aquecimento global. No Brasil, as áreas suscetíveis à desertificação abrangem 1.488 municípios dos nove estados do Nordeste, além de Minas Gerais e do Espírito Santo. No total, ocupam uma área de 1.338.076 quilômetros quadrados, equivalente a 15,7% do território nacional, onde vivem 32 milhões de pessoas, ou 18,6% da população brasileira. Metade desses municípios detêm os piores índices de desenvolvimento humano do País.
(Por Rafael Imolene/MMA,
A Notícia, 02/05/2007)