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hidrelétrica foz do chapecó PAC
2007-05-05
Do alto de um mirante improvisado, Renata Odorcik, oito anos, tentava entender como será construída e para que servirá a usina que irá mudar a paisagem e a história da região onde nasceu. Por enquanto, ela e seus colegas de 4ª série da Escola Estadual de Ensino Fundamental Bom Pastor, de Planalto, enxergam apenas homens e caminhões trabalhando incessantemente na margem de Santa Catarina do Rio Uruguai.

Era a paisagem que eles vislumbravam sexta-feira (4/5), à beira da estrada de chão batido que liga Alpestre à balsa que leva à catarinense Águas de Chapecó. Desde dezembro, é ali que a Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó toma forma. Na próxima terça-feira, o presidente Lula estará no local para lançar a pedra fundamental do projeto e conhecer o que já foi feito na área.

Quando já tiver completado 12 anos de vida, Renata poderá conferir e, quem sabe, entender, o que representa o empreendimento responsável por pautar as discussões e os trabalhos nas salas de aula de sua escola. Com investimentos de R$ 2,2 bilhões, a obra - que deve ser concluída no começo de 2011 - está mexendo com a vida dos moradores. Para uns, o impacto ambiental é a principal preocupação, já que, além de ser represado, o Rio Uruguai terá seu leito desviado do curso normal. Por outros, a movimentação econômica proveniente dos cerca de 6 mil empregos diretos e indiretos que serão gerados pelo empreendimento e pela arrecadação de impostos é saudada.

- É importante preservar a nossa natureza, mas também é bom gerar energia - diz a estudante.

Municípios estimam retorno com impostos
Segundo o secretário de Administração de Alpestre, Jarbas Tiago Damin Oliveira, como a região é habitada por muitos agricultores familiares, à medida que a obra avançar deve aumentar o descontentamento de parte da população de 7,8 mil habitantes. O desagrado seria causado pela desapropriação de terras, apesar das indenizações. Oliveira destaca, porém, o aumento do orçamento anual do município, que é de aproximadamente R$ 8 milhões, com a arrecadação de impostos.

- Agora é preciso investir em infra-estrutura para acompanhar todo esse desenvolvimento - acrescenta.

Conforme o prefeito da catarinense Águas de Chapecó, Moacir Dalla Rosa (Democratas), o momento é adequado para "incentivar o progresso" das duas cidades. Com a economia baseada na agricultura e no turismo - explorado em balneários e águas termais -, o município de 6 mil moradores pretende diversificar as atividades.

- Tem até casa sendo alugada na planta - espanta-se Rosa.

Há 11 anos, quando abriu um supermercado em Águas de Chapecó, o comerciante Dirceu Poletto, 36 anos, nem sonhava que, um dia, a cidade que o viu crescer iria viver dias de rápido e intenso crescimento. Nos últimos dois meses, calcula, o movimento no mercado aumentou cerca de 15%.

- A obra está apenas começando e trará muita riqueza. Só me preocupo quando a usina estiver pronta se esse ciclo continuará - diz.

Saiba mais
O que: Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó
Localização: Águas de Chapecó (SC) e Alpestre (RS), no Rio Uruguai
Capacidade: 855 megawatts de potência, suficientes para abastecer uma cidade com mais de 1,95 milhão de habitantes
Investimento: R$ 2,2 bilhões
Geração de empregos: 6 mil postos, entre diretos e indiretos

Energia para 1,95 milhão
Quando estiverem em plena operação - o que deve ocorrer no início de 2011 -, as quatro turbinas da usina hidrelétrica Foz do Chapecó poderão gerar energia suficiente para abastecer cidades do porte de Porto Alegre e Caxias do Sul juntas - cerca de 1,95 milhão de pessoas.

Alçada à condição de uma das principais estrelas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na Região Sul, a obra de mais de R$ 2 bilhões impressiona pela grandiosidade e pelo projeto. Um túnel será construído para captar a água da barragem, localizada de um lado do morro que corta o Rio Uruguai, e levá-la até o outro lado, onde ficarão as turbinas de geração de energia, chamadas pelos técnicos de "coração do projeto".

Ao todo, 13 municípios - sete gaúchos e seis catarinenses - estão sendo direta ou indiretamente atingidos. A implantação do canteiro de obras teve início em dezembro do ano passado. Mais de 900 pessoas trabalham no local, sendo a maior parte delas na margem catarinense do rio, onde estão sendo construídos os alojamentos para os empregados e a parte administrativa do empreendimento. No auge do trabalho, previsto para ocorrer no começo do próximo ano, o número de funcionários deve triplicar.

É justamente esta área que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará na terça-feira, para conhecer o empreendimento. Na sexta-feira, o trabalho foi grande para concluir a parte da administração onde será mostrado a Lula, em um programa de computador, o esboço de como ficará a usina depois de concluída. Também está sendo montado um palco para receber a comitiva.

O destino da energia a ser gerada pela Usina Foz do Chapecó só deverá ser traçado em 2010, quando devem ter início as primeiras atividades do empreendimento. A energia gerada será transmitida pelo sistema interligado brasileiro.
(Por Cleber Bertoncello, Zero Hora, 05/05/2007)

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