Um dos lugares mais ricos em histórias e belezas naturais de Santa Catarina pode estar prestes a ganhar uma área de proteção ambiental (APA). Trata-se da Coxilha Rica, que ocupa um terço dos 2,6 mil quilômetros quadrados de Lages, e serviu de caminho de tropas, mais de dois séculos atrás, ligando o Sul e o Sudeste.
A idéia de criação da APA partiu de proprietários de terras na região, cuja economia fundamenta-se na pecuária e na madeira. A intenção do grupo, que tem o apoio direto do Instituto Coxilha Rica (ICR), é tornar o local sustentável e desenvolvido, mantendo as planícies, os campos, as matas e, principalmente, a água, preservados.
A idéia é discutida, semanalmente, há oito meses, e ganhou força com uma audiência pública na localidade de São Jorge, ocorrida ontem (4/5).
A proposta tende a firmar a região como geradora de energia elétrica, pecuária e turismo. Atualmente, existem oito empreendimentos hidrelétricos na Coxilha Rica - uma usina e sete pequenas centrais -, nos rios Lava-Tudo, Pelotas e Pelotinhas. Com a APA, as medidas compensatórias passariam a ser aplicadas na própria região.
As APAs são menos restritivas do que as áreas de preservação permanente (APPs), em que se proíbem ocupações. No modelo a ser implantado na Coxilha Rica, as pessoas poderão continuar vivendo ali e até mesmo negociar as propriedades, numa ocupação orientada.
A APA em discussão seria uma unidade de conservação municipal e precisa ter uma lei aprovada na Câmara de Vereadores de Lages. Na audiência pública de ontem, um anteprojeto foi entregue pelo ICR ao presidente do Legislativo. Ainda não há previsão de votação.
(Por Pablo Gomes,
Diário Catarinense, 05/05/2007)