Servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas iniciaram hoje (4/5) greve por tempo indeterminado contra o que consideram um "desmonte" da instituição. O estado é o primeiro a deflagrar o movimento. O Ibama tem 268 funcionários no Amazonas.
Com a greve, estão funcionando apenas os serviços essenciais, como coleta e tratamento de animais silvestres, e fiscalizações emergenciais, como a realizada no sul do estado, região que concentra os maiores problemas de desmatamento.
O presidente da Associação dos Servidores do Ibama no Amazonas, Adilson Cordeiro, destaca que a greve não é por questões salariais, mas pela unicidade do órgão. Na semana passada, foi publicada a medida provisória que cria uma nova autarquia federal, responsável pela gestão, implementação e proteção das unidades de conservação, o Instituto Chico Mendes. Além disso, foi modificada a estrutura do Ministério do Meio Ambiente, com a criação de quatro novas secretarias.
"Não tenho dúvida nenhuma de que esse é o primeiro passo mais firme para a extinção do Ibama. O Instituto Chico Mendes é um nome disfarçado para tratar das unidades de conservação. Você tem as agências nacionais de florestas, a Secretaria Especial da Pesca, e agora o que sobra? Não sobra nada", questiona Cordeiro, para quem a "crise" no setor teria começado porque o Ibama ainda não concedeu licenciamento ambiental para a construção das hidrelétricas do Rio Madeira.
O superintendente do Ibama no Amazonas, Henrique Pereira, diz que servidores do próprio órgão vão atuar no Instituto Chico Mendes. "Nós fomos convocados pelo Ministério do Meio Ambiente para tomar conhecimento das mudanças estruturais e da criação do Instituto Chico Mendes. Fomos orientados a apresentar, nos próximos 90 dias, as questões administrativas para que haja a separação de recursos humanos, patrimônio, necessárias para a implantação do instituto", conta Pereira.
A direção nacional do Ibama anunciou recentemente o fechamento dos escritórios regionais do Amazonas que não têm unidades de conservação. Seriam fechados os escritórios de Eirunepé, Tabatinga, Coari, Boca do Acre e Parintins.
(Por Amanda Mota,
Agência Brasil, 04/05/2007)