Embora a matriz energética brasileira seja predominantemente hidrelétrica, há necessidade de geração térmica para garantir a estabilidade em épocas de forte seca. A opinião é do ex-presidente da Eletronuclear, Ronaldo Fabrício, atual vice-presidente executivo da Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Técnicas e Industriais nas Áreas Nuclear e Térmica (Abdan) e membro do Conselho Empresarial de Energia da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
Em entrevista à Agência Brasil, Fabrício informou que a energia térmica não depende de fatores climáticos, como chuvas, e pode ser obtida a partir do gás, do petróleo e também da fonte nuclear. O gás, segundo ele, é "uma grande alternativa, não no curto prazo, porque o país ainda é importador, mas a perspectiva no médio prazo é de abundância".
O ex-presidente da Eletronuclear, a estatal que constrói e opera as usinas nucleares, destacou que o Brasil é a sexta reserva mundial de urânio (combustível usado nesse tipo de usinas). “Além do mais, nós temos aqui toda a tecnologia do ciclo do combustível, desde a mina até a montagem da usina. Não há dúvida alguma de que a complementação térmica deve ser também através do gás, mas não pode prescindir de Angra 3”, disse.
Segundo Ronaldo Fabrício, a preocupação das pessoas que se posicionam contra a retomada do projeto está relacionada aos chamados resíduos de alta atividade – o combustível depois de irradiado. Ele explicou que os projetos atuais incluem a previsão de que durante toda a vida da usina esse combustível é mantido dentro de uma piscina, na própria usina.
“Então, não significa risco para a população. Além do mais, eu costumo dizer que esse rejeito tem nome, endereço e CPF (cadastro de pessoa física), porque ele é monitorado permanentemente. A questão da radioatividade é medida, o que não acontece com os outros resíduos que vão para o mar, para o ar etc”.
Ainda de acordo com o especialista, a energia nuclear é definida como uma tecnologia limpa, que não polui a atmosfera: “A grande vantagem é que ela não gera gás carbônico (CO2) e esses gases de efeito estufa, porque não se trata de queima de um combustível fóssil".
(Por Alana Gandra,
Agência Brasil, 05/05/2007)