Dado o trabalho de caçar a Al-Qaeda, observar programas nucleares no Irã e na Coréia do Norte, e monitorar guerra civil no Iraque, as agências de espionagem dos EUA não estão sem trabalho esses dias. Eles também deveriam se responsabilizar em analisar o aquecimento global?
Essa questão está sendo argumentada no Congresso, onde democratas estão lutando por uma medida que exija agências de inteligência produzam um estudo compreensivo dos efeitos das mudanças climáticas globais pela defesa nacional da América.
Democratas argumentam que crises em grande escala causadas pelas mudanças climáticas, como secas, pandemias, fome e aumento dos níveis do mar, irão afetar como os EUA conduzem sua política externa e onde os recursos militares dos EUA serão usados durante as próximas décadas.
A Estimativa de Inteligência Nacional proposta projetaria os efeitos do aquecimento global pelos próximos 30 anos, examinando os riscos políticos, sociais, econômicos e de agricultura.
Mas os republicanos estão classificando o estudo proposto como um peso desnecessário para as agências de inteligência já sobrecarregadas pelas exigências do Iraque e do Afeganistão e pelos esforços de combater o radicalismo islâmico ao redor do mundo.
Uma lei de inteligência esperando para votação na Câmara incluí uma linguagem que tornaria o estudo de mudança climática obrigatório, mas foi oposto por uma votação com nove membros republicanos do comitê de Inteligência. Os republicanos argumentaram que com os US$6.5 bilhões já sendo gastos por outras agências em pesquisas de mudanças climáticas, tais agentes dos EUA têm outras prioridades.
A questão sobre se as agências de inteligência dos EUA deveriam dedicar recursos às questões ambientais globais não é nova. Nos anos 90, depois do fim da guerra fria, agências de inteligência moveram mais financiamento na exploração dos potenciais efeitos da poluição, migração e escassez de recursos naturais, mas retrocederam bastante nesses recursos depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
Os democratas disseram que o investimento proposto não exigiria uma distração da equipe de inteligência de missões de alta prioridade, e que muito desse trabalho poderia vir de pesquisas não confidenciais dentro das próprias agências.
A Estimativa de Inteligência Nacional representa o consenso de 16 agências, e normalmente demora vários meses para produzir. A lei da Câmara, se promulgada, exigiria entrega das projeções dentro de nove meses.
(Por Mark Mazzetti,
The New York Times - Úlitmo Segundo, 04/05/2007)