O relatório do Grupo intergovernamental de especialistas sobre a evolução do clima (Giec) publicado na sexta-feira (4/5) assinala que "podemos limitar e reduzir a emissão de CO2 sem destruir nossa economia mundial", comentou o presidente do UNFCCC Yvo de Boer, em Berlim.
"O relatório transmite um sinal muito encorajador: temos a nossa disposição as tecnologias para impedir cenários catastróficos", comemorou o presidente da Convenção das Nações Unidas para a mudança climática, com sede em Bonn, que está na origem do Protocolo de Kyoto sobre a redução dos gases causadores do efeito estufa.
"Entre as oportunidades tecnológicas, Boer citou durante entrevista à imprensa, a captação e o estoque de carbono", particularmente importantes na Índia e na China.
Boer reconheceu que o nuclear tem um lugar em todos os cenários de respostas tecnológicas ao aquecimento climático proposto pelo Giec. "Mas isto pode mudar", ressaltou.
"A cooperação em termos tecnológicos é indispensável para os países que têm como prioridade a erradicação da pobreza", destacou.
"A primeira etapa é economicamente viável, e até positiva, e as próximas não serão de custo tão elevado", ressaltou o chefe da organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUE) Achim Steiner, também presente.
"Se não chegarmos a um acordo, poderemos ter um aumento drástico de gases do efeito estufa nos próximos 23 anos, e este preço, não podemos pagar", advertiu.
"A cúpula do G8 em Heiligendamm (norte da Alemanha, 6 a 8 de junho) será uma etapa de grande importância: as nações industrializadas devem mostrar que ela assumem suas responsabilidades num contexto real", disse Steiner, lembrando que a maioria dos gás carbônico é emitida por 12 países.
Achim Steiner se mostrou muito confiante sobre a capacidade dos Estados Unidos, que não assinaram o protocolo de Kyoto, de se juntar ao combate ao aquecimento climático. As chances aumentam a cada dia, com interesse crescimento do povo americano e da economia por esta causa", comentou. Ele citou Nova York como exemplo, ao fixar como meta a redução de CO2, o que foi seguido por mais de 300 cidades nos Estados Unidos, segundo ele.
"Nos próximos anos, os Estados Unidos desempenharão um papel muito ativo neste sentido", apostou Steiner.
Em contrapartida, Boer admitiu que "não acredita que países como a China, o Brasil e a Índia estejam prontos para aceitar metas concretas de redução de CO2", mas que estão dispostos a atingir uma meta de eficiência energética.
Nesta sexta-feira, cerca de 400 representantes do Giec reunidos desde segunda-feira em Bancoc, aprovaram um relatório identificando medidas para limitar o aumento das temperaturas a 2°C (em relação a 1980-1999) a um custo relativamente baixo: elas se traduzem por uma queda de 0,12% da taxa de crescimento anual do PIB a partir de 2030.
O Giec considera que as emissões mundiais do GES devem começar a cair a partir de 2015 se quisermos conter a alta da temperatura mundial média entre 2°C e 2,4°C.
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AFP - UOL, 04/05/2007)