Numa reação à divisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), os 1.400 servidores do órgão, no Distrito Federal, decidiram nesta sexta-feira, 4/5, paralisar suas funções até a próxima quinta-feira quando os funcionários da autarquia em todos os Estados devem dar início à uma greve geral por tempo indeterminado.
A paralisação foi decidida em assembléia nesta manhã e os funcionários do DF optaram em continuar indo diariamente ao local de trabalho mas sem que suas funções sejam exercidas. "A idéia é cruzar os braços. Não vamos cumprir com nossas obrigações, apenas acompanhar as mudanças que o governo pretende implementar (na autarquia) e atuar para que a paralisação na semana que vem seja integrada", afirmou a presidente da Associação dos Servidores do Ibama no DF, Lindalva Cavalcanti.
Ela explicou que no DF os servidores já optaram por entrar em greve por tempo indeterminado, mas que vão esperar a plenária nacional dos servidores do Ibama, no próximo dia 10, para que o movimento seja feito em conjunto em todo o País.
Os 280 funcionários do Ibama no Amazonas, no entanto, se anteciparam e já deram início à greve nesta sexta-feira. A paralisação é um protesto contra a Medida Provisória 366, de 2007, que divide o Ibama em dois e cria o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade e Conservação.
O presidente da Associação Nacional dos Servidores do Ibama, Jonas Corrêa, confirmou que os funcionários de todo o País devem seguir o modelo adotado pelo DF até a próxima quinta-feira. "Todos estão favoráveis ao início de uma greve. Não podemos permitir que o Ibama seja enfraquecido", afirmou.
Até quinta-feira, os funcionários do Ibama prometem realizar manifestações, a exemplo da feita na última quinta-feira na Câmara dos Deputados. A idéia é convencer a sociedade e os deputados de se posicionarem contrários à divisão do Ibama por meio de MP. Na quarta, dia 9, os servidores da autarquia pretendem realizar uma passeata na Esplanada dos Ministérios.
A divisão do Ibama foi feita na semana passada por meio de MP. O governo decidiu mudar a política da autarquia depois da demora na expedição de licenças ambientais para obras consideradas vitais pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer transformar na marca de seu segundo mandato.
Com a MP, o Ibama ficou esvaziado e focado apenas na área de fiscalização e de concessão de licenças. A parte de conservação passou a ser de responsabilidade do Instituto Chico Mendes.
(Por Ana Paula Scinocca,
Agência Estado, 04/05/2007)