Um impasse entre o Irã e a maioria das demais delegações em uma conferência nuclear de 130 países aprofundou-se nesta sexta-feira, 4/5, com terceiro adiamento consecutivo, em três dias, da reunião que deveria definir a pauta do encontro.
Em questão, a recusa de Teerã em aceitar a frase "necessidade de obediência total" ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Essa postura vem impedindo a adoção da pauta desde o início da conferência, na segunda-feira. O Irã alega que a expressão poderá fazer do país um alvo durante a reunião, por recusar-se a obedecer a uma determinação do Conselho de Segurança das Nações Unidas para que abandone o enriquecimento de urânio.
"Se for resumir em uma frase, é esta", disse um delegado europeu. "Os iranianos estão bloqueando as coisas". Ele disse que a reunião provavelmente será encerrada sem progressos na próxima segunda-feira.
O presidente da conferência ofereceu um acordo aos iranianos nesta na sexta-feira, mas o governo de Teerã declarou a oferta era insatisfatória.
O tratado impede os signatários que não disponham de armas nucleares de adquiri-las, concede-lhes o direito de desenvolver a tecnologia envolvida na fabricação de energia nuclear para fins pacíficos e compromete as potências nucleares signatárias a livrarem-se paulatinamente dessas armas.
O Irã diz que são infundados os temores de potências ocidentais sobre o país ter um projeto secreto para o desenvolvimento de bombas atômicas. O governo iraniano diz que pretende dominar o enriquecimento de urânio para produzir eletricidade. Em meio à disputa, o país já sofreu sanções da ONU.
A fim de acabar com a disputa, Yukiya Amano, a autoridade japonesa que dirige a atual reunião, ofereceu acrescentar à pauta que a observação do tratado significa "a observação de todas as determinações" do TNP, o que abarcaria a obrigação das potências nucleares de se livrarem de seu arsenal atômico. Mas o Irã considerou a proposta insuficiente.
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Reuters e AP - Agência Estado, 04/05/2007)