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etanol biocombustíveis
2007-05-05
Sem terras disponíveis, a Europa reconheceu nesta sexta-feira (4/5) que terá de importar até 30% de seu consumo de etanol nos próximos 15 anos. Quem diz isso é a própria comissária para a Agricultura da União Européia (UE), Mariann Fischer Boel.

Bruxelas tem como meta alimentar 10% de sua frota de veículos com o biocombustivel até 2020, mas já prevê uma alta nos preços dos alimentos em conseqüência dessa medida.

"Há um debate acalorado se vamos conseguir atingir essa meta de 10% sem afetar o fornecimento de alimentos", admitiu Fischer Boel.

"Mas acho que conseguiremos". O principal temor é de que, com a necessidade de produzir o etanol na Europa, terras que seriam usadas para alimentos acabarão sendo destinadas para produtos que serviriam de base para o combustível. A conseqüência seria um déficit de terras para outros produtos, o encarecimento dos alugueis e, portanto, um aumento nos preços dos alimentos.

"Nossas analises apontam que, com essa meta de 10%, os preços de produtos agrícolas aumentariam entre 3% e 6% para os cereais e entre 5% e 18% para outros produtos", afirmou a comissária. Ela acredita, porém, que o impacto para o consumidor possa ser evitado. "O custo do cereal representa apenas 5% do preço final de um pão", alega.

Mas admite que os preços dos óleos vegetais poderiam ser bem maiores. Sua esperança é de que esses óleos sejam substituídos por óleo de soja ou óleo de girassol. Fischer Boel ainda acredita que os preços de chocolates e comidas preparadas possam se manter estável.

Importações
Sobre as importações, a Comissão afirma que está ciente de que terá de abrir seu mercado e retirar parte de sua tarifas de 75% que hoje afeta o etanol brasileiro. Até 2020, a perspectiva é de que a importação fique entre 10% e 30% do consumo europeu, percentual considerado como alto em um comércio de produtos.

"O nível de importação dependerá essencialmente da competitividade dos produtos europeus. Podemos aumentar essa competitividade abolindo os sistemas de intervenção na produção. Outra medida de competitividade será o desenvolvimento do etanol de segunda geração, feito a partir de restos da produção agrícola e outros produtos", afirmou Boel. Ainda assim, segundo ela, os europeus terão de importar etanol.

Para dar tempo para que os europeus se tornem competitivos, porém, Bruxelas deve retardar ao máximo a abertura de seu mercado. O comissário de Comércio, Peter Mandelson, chegou a defender uma liberalização do setor, mas foi voto vencido no debate com agricultores e mesmo dentro da UE.

Selo
Fischer Boel ainda deixa claro que não haverá forma de importar etanol sem que antes critérios ambientais sejam estabelecidos. "Queremos fazer de tudo para garantir que, na prática e não só na teoria, o etanol usado na Europa não tenha conseqüências negativas para o meio ambiente em termos de emissões de gás e perda de biodiversidade", afirma. "Um mecanismo está sendo criado no momento para definir como será implementado o sistema", completou.

A idéia é de que uma espécie de selo ambiental será exigido de quem quiser exportar para a Europa. Bruxelas, porém, garante que a medida estará dentro das leis da Organização Mundial do Comércio (OMC).

"O mecanismo deve ser justo", disse Fischer Boel. O Brasil já deixou claro aos europeus de que não aceitará uma barreira ambiental no comércio do etanol.
(Agência Estado, 04/05/2007)

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