Pelo menos três fatores foram decisivos para a permanência de Vera Callegaro na Secretaria do Meio Ambiente por mais algum tempo: a amizade com a governadora Yeda Crusius, a reação de uma ala do Ministério Público à indicação do procurador Carlos Otaviano Brenner de Moraes e o aval da Farsul.
Yeda tinha comunicado a pelo menos três secretários a decisão de substituir Vera e autorizado as negociações para sua substituição. Brenner recebeu o primeiro telefonema no sábado. O vazamento da informação e a demora em consumar a demissão deu aVera tempo de se articular. Da Farsul, que mais criticava a demora na liberação das licenças, veio o apoio para a secretária continuar no cargo.
- Encontramos na secretária Vera um clima favorável à busca de soluções - disse ontem à noite o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, reduzindo as divergências anteriores a "algumas posições que estão sendo corrigidas".
Temerosa de que as divergências internas no Ministério Público prejudicassem os interessados em plantar eucaliptos ou as fábricas dispostas a investir no Estado, a Farsul preferiu apostar na permanência de Vera e em um acordo com os promotores. Dito e feito: pelo menos até a aprovação do zoneamento ambiental, as restrições ao plantio de eucaliptos ficarão mais brandas.
Entrada
Mesmo rouca e aparentando estar gripada, a governadora Yeda Crusius puxou o Parabéns a Você na festa de aniversário da secretária Vera Callegaro, ontem (3/5) à noite, no clube Caixeiros Viajantes, na Capital.
Yeda, Vera, deputados do PSDB, secretários e líderes do partido entraram juntos na festa, sob uma salva de palmas. A governadora discursou, falou de amizade e ressaltou a importância feminina na gestão tucana. Mas não tocou no assunto da crise.
Os únicos convidados com ar mais abatido eram funcionários da Fepam.
Procurador ressentido
Do episódio em que quase virou secretário do Meio Ambiente, o procurador Carlos Otaviano Brenner de Moraes diz só ter mágoa dos colegas que duvidaram de sua integridade.
- Eu estava quieto no meu canto quando me chamaram. Avaliei que poderia trabalhar pela conciliação entre a questão econômica e a ambiental, mas entendo a dinâmica do governo, que optou por manter a secretária. O que não posso aceitar é que colegas tenham tentado me desqualificar.
(Por Rosane de Oliveira, Zero Hora, 04/05/2007)