A micro-usina de álcool, inaugurada nesta quarta (3/5) no município de Redentora, na região Noroeste do Rio Grande do Sul, pode se tornar referência na produção de biocombustíveis no Brasil. Ao beneficiar a pequena propriedade e procurar fortalecer a produção de alimentos, o projeto pode se diferenciar das grandes monoculturas que vêm sendo incentivadas.
Ao todo, serão dez micro-usinas e uma central retificadora, que será instalada no município de Frederico Westphalen. Cada micro-usina produzirá quinhentos litros de álcool por dia, contando com a produção de dezenas de famílias de pequenos agricultores da região.
Para Ildo Sauer, diretor de Gás e Energia da Petrobras, o projeto é importante não pelo tamanho da produção, mas porque traz um novo modelo de produção de biocombustíveis, baseado na diversificação e no consórcio com a produção de alimentos.
"Neste novo projeto, que não é relevante pelo tamanho, por enquanto, mas pelo paradgima novo que ele permite, estamos revertendo essas expectativas, buscando demonstrar, a campo, uma validação para uma nova forma de produzir biocombustíveis. Onde, por exemplo, a produção de etanol e biodiesel é combinada com a produção de alimentos. A cana é produzida na pequena propriedade, processada lá mesmo, extrai-se o suco, que depois é fermentado próximo. Mas a palha, a ponta e o bagaço são aproveitados na alimentação. Assim, cria-se mais uma cadeia de produtos. Em vez de o pequeno agricultor produzir dois ou três produtos, passará a produzir quatro ou cinco, e um reforçando o outro", diz.
Ildo Sauer acredita também que, se o projeto der certo, trará benefícios para o consumidor gaúcho, que terá álcool mais barato. "O Rio Grande do Sul, hoje, é importador de álcool, tendo portanto um custo maior do que em outras regiões, pela necessidade de pagar o frete. O RS produz muito pouco do seu consumo. Quanto mais álcool for produzir no Rio Grande do Sul, prescindindo o custo de transporte, melhor será para o consumidor final, que irá se beneficiar com preços menores", explica.
A expectativa é que até o final de junho todas as micro-usinas entrem em operação. A Petrobras disponibilizou R$ 2,3 milhões e trata o projeto como laboratório para futuros investimentos.
(Por Luiz Renato Almeida, Agência Chasque, 03/05/2007)