Em discurso na Praça Murillo, em La Paz, o presidente da Bolívia, Evo Morales, defendeu as medidas e explicou que a nacionalização teve que ser moderada, sem expulsão ou expropriação das empresas estrangeiras.- Entendendo que a Bolívia necessita de investimento, era impossível confiscar as empresas - justificou Morales, ao afirmar que nas primeiras duas nacionalizações feitas pelo país, em 1937 e 1969, o estado el Estado expulsou as petroleiras mas logo teve que privatizar novamente a gestão do setor de petróleo e gás. O problema mais grave, disse, é que a Bolívia não tem muito dinheiro para investir. Morales também afirmou que os ganhos do país com o gás foram triplicados, chegando a US$ 1,620 bilhão em 2006 graças ao fato de a Bolívia ter elevado para 82% a carga de impostos das petroleiras. As empresas ficam com 18% do valor de sua produção.Morales não falou sobre as duas refinarias da Petrobras e das subsidiárias de outras grandes empresas que, de acordo com a imprensa local, poderiam passar nesta terça-feira para as mãos do Estado. O ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, afirmou que as refinarias, a empresa Andina, filial da Repsol, a Chaco, da British Petroleum, a Transredes, da Shell e da Ashmore; e uma companhia de armazenagem de carburantes, de capital alemão e peruano, serão do estado, mas não especificou quando. Para o presidente boliviano Evo Morales, elas devem ser vendidas ao Estado pelo preço que foi pago pela Petrobras (em torno de US$ 70 milhões). Para a Petrobras, depois dos investimentos realizados, o correto é que o governo boliviano pague o preço de mercado (mais de US$ 200 milhões). A imprensa local também esperava anúncios sobre a empresa de telefonia Entel, de propriedade da Telecom Italia. Nesta terça-feira, uma missão boliviana viajou à Roma para explicar à Telecom Italia e ao Parlamento a o motivo da sua nacionalização.Também havia a expectativa de anúncios na área de mineração, como a reincorporação de algumas concessões de minas à estatal do bolilviana Comibol. O partido de Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS) já afirmou na véspera do Dia do Trabalho que o governo prosseguirá com a nacionalização dos recursos naturais do país. Apesar de contar com o apoio popular, Evo Morales enfrenta greves e paralisações, além da ameaça separatista de províncias mais ricas. Na segunda-feira, cerca de 400 sindicalistas tomaram as ruas da capital La Paz e o ministério da Saúde foi invadido. Na Venezuela, ocupações de instalações petrolíferas
Na Venezuela, à meia-noite, o complexo petrolífero Criogênico José, no Estado de Anzoátegui, foi ocupado por trabalhadores petroleiros que vestiam camisetas vermelhas nas quais se lia "Sim à nacionalização".
(O Globo, 01/05/2007)