Oferta e demanda de eletricidade podem atingir níveis iguais em 2008, prevê a Cesp (Companhia de Eletricidade de São Paulo). Cinco anos e dois meses após o fim do racionamento obrigatório - iniciado em julho de 2001 e encerrado em 1 de março de 2002 -, o excedente de 25% na oferta de energia elétrica gerado desde o apagão está bem próximo de se esgotar, avaliam especialistas ouvidos por este jornal.
"Desde o fim do apagão, a oferta de energia cresce em ritmo bem inferior ao do consumo. E agora estamos quase chegando a um ponto de equilíbrio", diz Silvio Areco Gomes, diretor da Cesp, a maior geradora de São Paulo.
Segundo Gomes, as curvas de oferta e demanda de eletricidade se cruzarão no segundo semestre de 2008, o que num setor em que os investimentos demoram para maturar é considerado curto prazo. "Antes disso, ainda haverá sobra. Depois, teremos um cenário de equilíbrio, caminhando rapidamente para a administração de falta de energia", prevê o diretor. Para ele, a escassez de oferta será combatida com o aumento do preço da eletricidade, que inibirá o consumo.
No cálculo de Marcelo Parodi, da comercializadora Comerc, o Brasil tem 54 mil MW médios de energia assegurada, para um consumo de 50 mil MW médios. A folga no sistema, diz ele, é suficiente para mais de dois anos de crescimento de consumo. Paulo Mayon, da associação de consumidores, diz que a sobra está sendo consumida pela expansão do PIB. "O hábito de poupar não se arrefeceu", avalia ele, para quem o quadro de empate da oferta e da demanda pode ocorrer em 2009.
(Por Denis Cardoso,
Gazeta Mercantil, 02/05/2007)