A Petrobras foi chamada pelo governo norte-americano para explicar suas atividades no Irã, país que sofre embargo da Organização das Nações Unidas (ONU). A estatal vem atuando como prestadora de serviços na perfuração de dois blocos na região de Tusan, no Golfo Pérsico.
O contrato de US$ 35 milhões entre a estatal iraniana e a Petrobras prevê que se houverem descobertas, a empresa brasileira poderá discutir participação no negócio. O embargo visa evitar que o Irã seja financiado por companhias estrangeiras e possa desenvolver tecnologia nuclear com esse capital.
"Tanto nos encontros do presidente Lula com Bush, quanto nos encontros do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, com representantes do governo norte-americano, há a preocupação de quais são as atividades no país, porque é de interesse do Irã divulgar o tempo todo que estamos ampliando nossa participação lá. Isso não é verdade", disse o gerente executivo internacional da Petrobras para América, África e Eurásia, Samir Passos Awad, em entrevista durante a Offshore Technology Conference (OTC), em Houston, nos Estados Unidos.
Segundo ele, em todas as vezes em que foi interpelado, o Brasil negou que esteja ampliando a participação de investimentos no Irã, mas "deixou claro que essa é uma decisão soberana da nação". "Hoje já participam da exploração e produção de petróleo e gás no Irã empresas do porte da Shell, Total e Statoil. Nem por isso essas empresas sofreram algum tipo de constrangimento por atuarem no Irã e não acredito que vamos também passar por algo mais sério", disse.
Passos Awad informou que a produção da Petrobras no Equador voltou a ser normalizada em torno de 20 mil barris por dia esta semana. A produção estava interrompida há mais de um mês por manifestantes de aldeias buscando uma maior participação nos lucros das empresas que perfuram sua região florestal. A queda afetou a produção mensal da Petrobras em março e em abril, já que representa 10% do volume internacional produzido pela estatal.
Segundo ele, a estatal brasileira tem planos de ampliar sua participação no país e projeta chegar a 100 mil barris por dia até 2010. Atualmente, a companhia apenas aguarda a liberação de licença ambiental para atuar em um bloco marítimo e negocia participação em um segundo campo hoje nas mãos da estatal Petroequador.
(Por Kelly Lima, Agência Estado, 02/05/2007)