Prevista para ontem (2/5), a substituição da secretária do Meio Ambiente, Vera Callegaro, pelo procurador de Justiça Carlos Otaviano Brenner de Moraes acabou não se consumando. Na raiz do recuo está a reação de promotores e procuradores à forma como a operação foi conduzida e a preocupação de empresários de que as brigas internas no Ministério Público resultassem em prejuízo para os empreendimentos.
A série de erros começou com o convite ao procurador, antes da demissão de Vera, amiga e companheira de partido da governadora Yeda Crusius, e sem consulta ao procurador-geral de Justiça, Mauro Renner. O vazamento da informação, no domingo, criou constrangimentos à secretária e ao próprio Ministério Público. O PSDB reagiu e alegou que o problema não é da secretária, mas da falta de estrutura.
No Ministério Público, o desconforto foi causado pela interpretação de que o convite a Otaviano seria uma tentativa de apressar a liberação das licenças e neutralizar a ação de promotores que exigem o cumprimento do zoneamento ambiental elaborado pela Fepam.
A Associação do Ministério Público divulgou nota afirmando que os membros da instituição gozam de independência no exercício de suas funções e norteiam sua atuação pela consciência e pelo que reza a lei.
Ao falar sobre a crise na Secretaria Estadual de Meio Ambiente, ontem, em Caxias do Sul, o secretário do Planejamento, Ariosto Culau, resumiu o pensamento do governo:
- Na área de meio ambiente, o governo espera muito mais, espera que se tenha uma visão de desenvolvimento sustentável e não só de defesa única e exclusiva dos recursos ambientais. A Vera (Callegaro) é altamente qualificada, mas se esperava outro papel da secretaria.
Ariosto deu uma dica sobre os critérios de escolha e de dispensa de secretários:
- Não tem free-lancer no governo. Ou se compromete com o projeto, ou sai.
O PMDB pretende apresentar hoje à governadora Yeda Crusius soluções para o impasse da liberação do plantio de florestas de eucalipto no Estado.
Em reunião com técnicos da Fepam, a secretáriaVera Callegaro fez planos para o futuro e deu a entender que já não teme ser demitida.
Mesmo que o governo diga o contrário, o procurador Carlos Otaviano Brenner de Moraes foi convidado para assumir a Secretaria do Meio Ambiente e aceitou.
(Por Rosane de Oliveira, Zero Hora, 03/05/2007)