O corpo técnico da Fepam tentará hoje (3/5) virar o jogo em favor do polêmico zoneamento ambiental que regula o plantio florestal no Rio Grande do Sul.
Para isso, os servidores admitem negociar pontos do estudo criticado por empresas florestais que o consideram restritivo em excesso. O Ministério Público Estadual também manifesta disposição em negociar a fim de encontrar uma solução para a crise na área ambiental gaúcha.
Em uma tentativa de defender o documento da ameaça de extinção, por ser apontado pelas empresas de florestamento como um risco para investimentos de aproximadamente R$ 8 bilhões nos próximos anos no Estado, os técnicos convocaram uma reunião para esclarecer pontos do trabalho a jornalistas, especialistas e ao público em geral.
A estratégia dos técnicos, que afirmam ter recebido autorização da direção da Fepam para realizar o evento hoje pela manhã na sede do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais (Semapi), inclui rebater algumas das críticas ao zoneamento, como a de que inviabiliza a implantação da silvicultura no Estado.
- O estudo deixa 9 milhões de hectares disponíveis ao plantio, o que é muito mais do que o necessário - argumenta o presidente da Associação dos Servidores da Fepam, Antenor Pacheco.
Além de defender o zoneamento, os técnicos deverão se mostrar dispostos a negociar pontos do trabalho para evitar que ele seja desconsiderado por completo.
- Não temos a pretensão de que ele seja uma obra-prima irretocável. Estamos abertos ao diálogo, e modificações podem ser feitas - diz o servidor.
Servidores negam atraso em licenciamento de projetos
O corpo funcional da Fepam, porém, não admite emitir licenças para o plantio florestal sem o apoio de uma legislação específica bem definida, por duas razões. Uma é a possibilidade de danos ao ambiente e a outra é o risco de os técnicos serem futuramente responsabilizados por liberar áreas que deveriam ser preservadas.
- Já temos seis colegas indiciados por crime ambiental. Não vamos correr esse risco - afirma Pacheco.
Os técnicos também ressaltarão hoje que não há atraso no licenciamento dos projetos florestais no Estado. O passivo da Fepam, segundo os servidores, refere-se a pendências de outras áreas.
A promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente do MP Ana Maria Moreira Marchesan afirmou ontem que o órgão também está aberto ao diálogo com governo, Fepam e empresários para solucionar o impasse florestal.
(Por Marcelo Gonzatto, Zero Hora, 03/05/2007)