O impasse registrado em âmbito estadual na área de meio ambiente reproduz em alguns aspectos o que ocorre na esfera federal. Em ambos os casos, as razões estão no descompasso existente, de um lado, entre o ritmo de quem investe e o interesse dos governantes em atrair e reter investimentos e, de outro, o dos responsáveis pelos licenciamentos ambientais de projetos que, só na área florestal, podem alcançar R$ 5 bilhões no Rio Grande do Sul. A importância desses recursos para o Estado exige uma solução negociada, que leve em conta o aspecto econômico sem passar por cima das instituições ambientais e sem provocar riscos de danos ecológicos.
Lamentavelmente, nesta e em outras áreas, tanto em âmbito estadual quanto federal, o que costuma ocorrer é uma pressa compreensível do setor público em atrair investimentos e só depois se preocupar em enquadrá-los na lei. No caso específico dos tão aguardados megaprojetos de empresas de papel e celulose, não foi diferente. Diferentes razões, incluindo a polêmica em torno do estudo técnico Zoneamento Ambiental para a Atividade de Silvicultura no Rio Grande do Sul, liderado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), vêm dificultando as licenças de plantio de eucaliptos e outras espécies exóticas nas terras já adquiridas. O risco a ser evitado é o de o Estado perder esses investimentos, com prejuízos que recairiam principalmente sobre a Metade Sul.
Os entraves aos investimentos enfrentados na área ambiental não se resumem ao florestamento e não serão resolvidos simplesmente com a troca dos ocupantes dos órgãos responsáveis. Carente em investimentos e enredado numa crise que afeta particularmente o setor público, o Estado precisa se preocupar mais em definir, de forma transparente, um ambiente jurídico claro para os negócios em geral, baseado em princípios inarredáveis do desenvolvimento sustentável.
(Editorial Zero Hora, 03/05/2007)