Pescadores fizeram uma barqueata, na manhã desta terça-feira (01/05), no arquipélago das Ilhas Cagarras. Eles protestaram contra a proposta do Ibama em transformar as ilhas em monumento natural. Com muitas faixas e cartazes, o grupo deu um abraço simbólico nas Ilhas. De acordo com os pescadores, a proposta — que exclui as atividades sustentáveis existentes ali há mais de um século —, irá causar conseqüências drásticas à pesca artesanal e à náutica da cidade, prejudicando, também, o turismo carioca.
Existem 40 mil pessoas que vivem do setor náutico, somente no Rio de Janeiro. São atividades sustentáveis e que na medida em que são excluídas do mar, a pessoa vai para onde com o seu barco, já que não pode ir para lugar nenhum? Isso vai gerar desemprego e acabar com o setor - alertou Roberto Negrai, da ONG Vivamar.
Pela proposta do Ibama todas as ilhas que são avistadas da praia de Ipanema seriam transformadas em monumento natural. São elas a Tijuca, do Meio, a Redonda, a Filhote e o Arquipélago das Cagarras, formado por quatro ilhas. Ficariam proibidas as pescas comercial e esportivas, sendo que o turismo teria que seguir novas regras.
O número de visitantes e barcos, por exemplo, seria limitado para não causar impacto aos animais das região. Segundo o Ibama, a área tem uma grande diversidade de espécies de peixes, mas a exploração desordenada estaria prejudicando algumas delas. A idéia do instituto, de criar uma unidade de preservação, seria para ajudar a proteger os cardumes.
Mas os pescadores, mergulhadores e clubes náuticos que participaram do protesto defendem a criação de uma unidade sustentável. A pesca predatória seria proibida, mas o turismo e a pesca artesanal liberados.
Nós pescamos aqui por esporte. O peixe que é pequeno a gente solta, o peixe maior a gente leva. Mas é um isopor pequeno, não tem nada grande - garantiu um pescador.
O movimento foi realizado pela Vivamar, a Colônia de Pesca Z13, clubes náuticos do Rio, a Confederação Brasileira de Pesca em Apnéia, entre outras instituições.
(Por Mônica Imbuzeiro,
O Globo, 01/05/2007)