O Arquipélago das Cagarras e as ilhas Redonda e Filhote, com seus entornos marinhos, e as ilhas Tijucas estão a um passo de se transformar num paraíso protegido. Segundo reportagem publicada domingo (29/04) pelo jornal "O Globo", o Ibama realiza na próxima quarta-feira a última consulta pública antes de transformar a área em monumento natural, uma unidade de conservação que estimula o turismo contemplativo, mas proíbe todo tipo de pesca, inclusive a artesanal, e a caça submarina esportiva.
A idéia da proteção integral, no entanto, divide os cariocas. Do lado conservacionista, estão o próprio órgão federal, ambientalistas e uma parte da comunidade científica; de outro, na defesa do "uso sustentável", caçadores submarinos, pescadores artesanais e outro grupo de pesquisadores.
O coordenador técnico da proposta do Ibama, Breno Herrera, explica a proibição da pesca:
As ilhas e seus entornos têm uma enorme diversidade de espécies. A medida criará uma importante zona de exclusão de pesca, para a recuperação de peixes que escassearam naquela região.
Breno encontra resistências. Para o caçador submarino Francisco Loffredi, de 34 anos, que representou o Brasil em três copas do mundo da modalidade, os peixes que o Ibama quer proteger não nascem nem moram nas ilhas:
Os meros, por exemplo, vivem em lajes mais profundas, que não são protegidas. Se a real intenção é proteger a fauna da ilha, o Ibama tem que ir atrás da pesca de compressor, de espinhel e fiscalizar mercados de peixe.
Loffredi diferencia o caçador submarino esportivo do profissional.
Quem pratica por esporte desce na apnéia e pega o peixe que come. O volume pescado em eventos de caça submarina num ano é menor do que o obtido numa saída de barco profissional. Eu, que como o peixinho que caço, serei prejudicado por pessoas que adquirem, em mercados, o camarão trazido em arrasto proibido.
(
O Globo, 28/04/2007)