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emissões de gases-estufa
2007-05-03

Nações em desenvolvimento que se industrializam rapidamente, como China e Índia, têm freado o aumento das emissões de gases geradores do efeito estufa num nível superior aos cortes totais exigidos das nações ricas pelo Protocolo de Kyoto, da ONU. Um relatório preliminar da ONU, a ser divulgado na sexta-feira (04/05), em Bangcoc, após conversas entre governos e cientistas, também mostra que as políticas destinadas a conter a poluição atmosférica de fábricas ou carros ou para economizar energia tiveram o efeito colateral de combater o aquecimento global.

 

"Esforços realizados por países em desenvolvimento (Brasil, China, Índia e México), por razões outras que a mudança climática, reduziram o crescimento das suas emissões, ao longo das últimas três décadas, em aproximadamente 500 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano", segundo um esboço técnico visto pela agência de notícias Reuters. Ele disse que isso era "mais do que as reduções exigidas das (nações desenvolvidas) pelo Protocolo de Kyoto". As emissões anuais da França em 2004 foram de 563 milhões de toneladas, as da Austrália foram 534 milhões e as da Espanha foram 428 milhões.

 

Os dados podem provocar um debate sobre qual é a divisão justa das reduções sobre as emissões em qualquer acordo que prorrogue e amplie Kyoto, que atualmente obriga 35 nações industriais a cortarem as emissões para 5% abaixo dos níveis de 1990 até 2008-12. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, retirou os EUA de Kyoto em 2001, argumentando que ele custaria empregos nos EUA e que excluía erradamente as metas de 2012 para países mais pobres, como a China. "A China já está fazendo um monte", disse Hu Tao, da Administração Estatal de Proteção Ambiental da China.

 

Política do filho único

Ele disse que a política da China de um filho por casal, introduzida no começo da década de 1980, por exemplo, teve um efeito colateral de frear o aquecimento global ao limitar a população a 1,3 bilhão, contra o 1,6 bilhão projetado sem a política. "Isso reduziu as emissões dos gases do efeito estufa", disse ele em uma conferência em Oslo.

 

A China é o emissor de gases do efeito estufa número 2, principalmente pela queima de combustíveis fósseis, atrás dos Estados Unidos e à frente da Rússia. Nações em desenvolvimento argumentam que elas deveriam receber créditos por políticas que ajudaram a desacelerar o crescimento das emissões. Elas notam que as nações do leste europeu em Kyoto recebem crédito pelo colapso das fumacentas indústrias da era soviética - sem relação com os esforços deliberados para lutar contra o aquecimento global.

 

A Rússia, por exemplo, aparentemente fez mais entre as nações de Kyoto, com uma queda de 32% nas emissões entre 1990, um ano antes da desintegração da União Soviética, e 2004.

 

Conclusões

Leia abaixo algumas das principais conclusões de um esboço do relatório a ser divulgado pela ONU em Bangcoc, na sexta-feira. O documento, elaborado pelo Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), analisa os custos do combate e adaptação às mudanças climáticas e os instrumentos disponíveis para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Cientistas e autoridades de vários países reúnem-se desde segunda-feira para rever e aprovar o projeto de relatório, o terceiro a ser divulgado neste ano.

 

Aumento das emissões

"Sem um combate mais efetivo às mudanças climáticas e/ou a adoção de políticas de desenvolvimento sustentável, as emissões globais de gases do efeito estufa (GHG) continuarão a aumentar nas próximas décadas", afirma. O documento acrescenta ser preciso agir imediatamente para conter as emissões se houver o desejo de exercer um impacto de longo prazo no sentido de limitar as mudanças climáticas.

 

Com base nas projeções atuais, as emissões globais do gás carbônico (CO2) estão previstas para aumentar em mais de 40%, no mínimo, entre 2000 e 2030. Grande parte desse aumento deve vir dos países em desenvolvimento, afirma o relatório. O setor de transportes é motivo de grande preocupação já que vem aumentando o uso de carros e aviões, o que resulta em uma elevação das emissões de gases do efeito estufa. Em 2004, o setor respondeu por 26% do consumo mundial de energia.

 

O setor agropecuário também preocupa. "A demanda global por alimentos deve dobrar até 2050, provocando a adoção cada vez maior de práticas de produção intensiva (o que significa, por exemplo, um uso mais disseminado de fertilizantes nitrogenados). Além disso, o aumento previsto no consumo de produtos animais deve elevar as emissões de metano e dióxido de nitrogênio."

 

Instrumentos e pesquisa

O relatório diz que os níveis de GHG podem ser estabilizados por meio do uso "de uma variada gama de tecnologias que já estão comercialmente disponíveis hoje e de tecnologias que devem passar a ser comercializadas nas próximas décadas, caso sejam fornecidos os incentivos apropriados."

 

Isso inclui a adoção de combustíveis alternativos, a construção de usinas de força mais eficientes, o aumento do uso da energia nuclear, a construção de prédios e casas mais eficientes e a utilização de materiais de construção e de iluminação mais eficientes, além da adoção de práticas e instrumentos agrícolas mais eficientes.

 

"Um ´preço do carbono´ positivo intensificaria os incentivos para os produtores e consumidores investirem de forma significativa em produtos, tecnologias e processos com baixa taxa de emissão de carbono. Além disso, incentivos adicionais na forma de fundos governamentais e de regulamentações são também importantes."

 

Custos

O quanto mais rápido e mais profundamente as emissões forem reduzidas, mais custoso será para as economias mundiais, diz o documento. Até 2030, os custos para deixar que a concentração de gases do efeito estufa suba até 650 ppmv (partes por milhão de volume) do equivalente em CO2 são de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, afirma.

 

Atualmente, a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera, que aumenta rapidamente, está em 430 ppmv de dióxido de carbono. O CO2 é o principal gás do efeito estufa, seguido pelo metano e por quatro outros gases abarcados por tratados internacionais. "Para estabilizar os níveis de concentração em algo entre 445 e 535 ppmv do equivalente em CO2, os custos ficariam em menos de 3% do PIB global."

(Reuters, 02/05/2007)

 


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