O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou na quinta-feira amenizar o embate com os ambientalistas sobre a construção de usinas hidrelétricas, ao afirmar que o problema não é ambiental, mas de leis.
Em discurso no Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, em Santiago, ele disse que a América Latina tem condições de se desenvolver por meio da energia elétrica, dos biocombustíveis e do gás. Depois, foi questionado sobre os dissabores enfrentados no Brasil na área. ´O problema da questão das hidrelétricas no Brasil não é ambiental. É uma questão legal, porque a política do meio ambiente é regulada por um conjunto de leis aprovadas no Congresso´, argumentou.
Lula apelou para que todos os países da América Latina esqueçam pequenos embates e se debrucem sobre a questão energético. Ele argumentou que existem ´nichos de oportunidade´ não apenas para fazer novos negócios como para resolver novos problemas. ´Eu tenho mais quatro anos de mandato e quero fazer tudo aquilo que fiquei frustrado de não fazer´, contou, ao comentar que os sul-americanos nunca pararam para verificar seu potencial energético.
Ao mencionar o amparo legal que os fiscais têm, Lula afirmou que as medidas que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram enviadas ao Congresso com propostas de mudanças no marco regulatório. Não mencionou, porém, que decidiu dividir o Ibama em duas partes para que uma delas cuidasse justamente dos problemas de licenciamento para construção de usinas hidrelétricas em áreas ambientais.
Insanidade´É melhor demorar um pouco, mas fazer as coisas bem feitas, do que a gente fazer um monumento à insanidade, como foi feito em Balbina, nos anos 80, em nosso País´, afirmou Lula. Era uma referência à hidrelétrica que causou grandes transtornos ambientais, localizada no Rio Uatumã, no Amazonas.
Cauteloso, o presidente afirmou que o mundo, hoje, exige maior preocupação e responsabilidade ambientais. ´Mas isso não significa que você vá deixar de fazer uma obra´, insistiu.
Na visita ao Chile, Lula e a presidente Michele Bachelet assinaram vários protocolos de cooperação, além de um acordo entre as estatais de petróleo Petrobrás e Enap para a prospecção conjunta de oportunidades nas áreas de energia e de hidrocarbonetos. Hoje Lula viaja a Buenos Aires, onde se encontra com o presidente argentino, Néstor Kirchner.
(Por Vera Rosa,
O Estado de S. Paulo, 27/04/2007)