As barragens nos arroios Jaguari e Taquarembó, na região da Campanha, vão causar impactos ambientais que não estão sendo levados em conta. A afirmação é do engenheiro civil Eduardo Lanna.
O projeto de barragens no rio Santa Maria foi anunciado pela governadora Yeda Crusius como a primeira medida para resolver a falta de água nas plantações de arroz da região. De acordo com o engenheiro, especialista em construção de barragens, o estudo de impacto ambiental realizado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) não está completo. Para Eduardo Lanna, as barragens estão sendo construídas em solos pouco resistentes.
"O próprio estudo de fundações. A barragem é algo pesado, o apoio dela tem que ser em rochas. Tem que haver sondagem para avaliar se as rochas são resistentes, para avaliar se elas agüentariam. Aquela região é caracterizada por um subsolo de rochas fraturadas. Então, essa campanha de sondagem é algo muito necessário para uma barragem dessas”, diz.
Para Eduardo, a pressa do governo em querer realizar a obra rapidamente pode acarretar prejuízos à região e aos moradores. Ele afirma que a Fepam vinha sendo pressionada pelo governo e pela Secretaria das Obras para acelerar a licença.
“É um estudo que não se sustenta tecnicamente, é um estudo de má fé, eu diria. De pessoas interessadas em aprovar na marra uma barragem, sei lá eu porque motivos, mas que na verdade, do ponto de vista técnico, não há nada que permita um licenciamento da Fepam”, diz.
No protocolo de intenções assinado pelos governos federal e estadual, a União entrará com R$ 88 milhões através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Estado, com R$ 46 milhões.
Eduardo critica ainda o impacto ambiental gerado no Pampa pelo cultivo de arroz e pela construção das barragens na região. O engenheiro também possui uma chácara familiar em Lavras do Sul, que será inundada pelas obras. Somente a barragem no arroio Jaguari deve inundar mais de 30 mil hectares. Cerca de 200 produtores de arroz serão beneficiados, segundo dados do governo estadual.
“Ou seja, é uma dupla agressão: não apenas colocam uma zona absolutamente a ser protegida debaixo da água, mas também acabam promovendo a invasão de mais áreas úmidas, banhados, para a cultura do arroz”, defende.
A Fepam e a Secretaria das Obras não se manifestaram sobre o caso até a conclusão da reportagem.
(Por Luiz Renato Almeida, Agência Chasque, 30/04/2007)