As nações em desenvolvimento deveriam parar de culpar os países ricos pelo aquecimento global e fazer algo para impedir os efeitos catastróficos da mudança climática, disse a União Européia (UE). Um esboço de relatório do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC) - uma rede de mais de 2.000 cientistas, patrocinada pela ONU - está em debate na capital da Tailândia nesta semana. O texto final deve ser divulgado na sexta-feira, 4.
A China, segundo maior emissor de gases causadores do efeito estufa, depois dos EUA, alega que os países desenvolvidos são os responsáveis pelo aquecimento global, e deveriam arcar com a maior parte do esforço para eliminar o problema. EUA e Austrália recusaram-se a assinar o Protocolo de Kyoto, um tratado sobre mudança climática que impõe cortes na poluição dos países ricos, mas poupa grandes poluidores do mundo em desenvolvimento, como Índia e China.
Mesmo sem citar países pelo nome, um membro da delegação européia à reunião de Bangcoc, Tom van Ierland, pediu que os governos parem de usar a inércia dos maiores poluidores do mundo como desculpa para não fazer nada pela redução do efeito estufa. "Esperamos que esse tipo de discussão pare, porque não acreditamos que seja o debate certo", disse ele. "Alguns países usam essa retórica. É meio triste, porque há coisas há fazer".
As nações mais pobres enfrentam os maiores riscos de impacto do aquecimento global. Delegados de países em desenvolvimento expressam temor quanto aos efeitos do aquecimento global, incluindo aumento no número e intensidade de tempestades, secas e enchentes. "África é vítima da mudança climática, não está contribuindo com as emissões de CO2", disse Younis Al-Fenadi, o único delegado da Líbia. "o relatório final deveria trazer promessas de ajuda à África, dinheiro para treinamento, planejamento e educação".
(Associated Press, 01/05/2007)