A pressão empresarial e o interesse político dão sinais de que subjugarão os órgãos responsáveis pelo meio ambiente no Estado e no país. Embora investimentos sejam bem-vindos, provocam impactos no médio e no longo prazos, principalmente quando envolvem novas indústrias, concentradas regionalmente. É o caso da celulose, 'que vai inaugurar uma nova era na Metade Sul', conforme é apregoado. Se estudos exigem tempo, a prudência manda esperar, pois os efeitos são desconhecidos. As ameaças já se tornaram um hábito das grandes corporações e os governos se tornam reféns por medo do prejuízo político. Só que as empresas não têm compromisso público. Os governos, sim. Se querem apressar os processos, que aparelhem melhor os órgãos ambientais, para que possam fazer o trabalho mais rápido sem queimar etapas de forma irresponsável. Assim como a maior demanda nos órgãos ambientais é positiva, pois indica novos investimentos em um país que quase parou, o rigor ambiental também o é, pois revela o grau de compromisso de um país com o futuro.
O meio ambiente cumpre um papel que já coube ao funcionalismo público, que simbolizou todas as culpas da falência financeira de estados e União. Agora, os órgãos ambientais são acusados de obstruir investimentos e defenestrados por cumprir leis. Os servidores nunca recuperaram o prestígio perdido.
Enquanto isso, a cadeia produtiva da madeira cresce. Minas de Leão abriga a maior serraria de eucalipto do mundo, a ScanCom do Brasil, que tem planos de expansão. Sexta-feira, o deputado estadual Berfran Rosado estará na CEEE, em busca de mais energia para a empresa, para que o projeto se concretize.
(Panorama Econômico - Denise Nunes, Correio do Povo, 02/05/2007)