Terra, Água e Ar nas Viagens Científicas Portuguesas ( 1755 - 1808)
abastecimento de água
2007-05-02
Tipo de trabalho: Tese de Doutorado
Instituição: Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp/SP)
Ano: 2006
Autora:Ermelinda Moutinho Pataca
Resumo:
O presente trabalho refere-se ao mapeamento e à análise das expedições científicas portuguesas despachadas para as diversas colônias do Império lusitano entre 1755 e 1808. Analisamos as expedições científicas em três momentos determinantes na dinâmica das viagens: a elaboração e preparação dos viajantes; a execução das expedições nas colônias; e o retorno à metrópole. A preparação das viagens compreendeu algumas atividades, como a elaboração de instruções e a execução de viagens preparatórias no Reino, essenciais para o direcionamento dos viajantes nas colônias. Esta fase ocorreu em instituições portuguesas, como o Jardim Botânico da Ajuda, a Universidade de Coimbra e a Academia de Ciências de Lisboa. Outras foram completamente planejadas na colônia, como é o caso da Expedição Botânica comandada por Fr. José Mariano da Conceição Veloso no Rio de Janeiro. Nas pesquisas, constatamos uma diferenciação entre as viagens científicas concebidas e executadas durante as administrações dos Ministros da Marinha e Negócios Ultramarinos, Martinho de Melo e Castro (1777-1795) e D. Rodrigo de Sousa Coutinho (1796-1802). Elaboramos um quadro geral das viagens divididas pelas administrações indicadas, ressaltando as áreas geográficas exploradas, os produtos naturais pesquisados, a composição técnico-científica, a correspondência durante as viagens, o comando científico realizado por naturalistas como Júlio Mattiazzi, Domingos Vandelli, Félix de A. Brotero e Fr. Veloso. Para traçar este quadro utilizamos a documentação textual e imagética resultante das viagens, como instruções, correspondências, roteiros, mapas, desenhos, memórias e diários. As viagens foram analisadas em suas particularidades e generalidades, considerando-se a complementaridade entre a metrópole e as colônias, e as interações entre as diversas regiões coloniais. Subdividimos as áreas geográficas percorridas pelos viajantes em relação à dinâmica do espaço colonial. Analisamos as questões hidrográficas do espaço oceânico ressaltando as travessias marítimas dos viajantes e as condições de navegação fluvial da Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira. As investigações terrestres dos naturalistas, principalmente as mineralógicas, foram analisadas em cada região colonial: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, colônias africanas (Angola e Moçambique) e Pernambuco. Após a finalização das viagens alguns dos naturalistas e artistas viajantes trabalharam em Portugal nas atividades de determinação e catalogação sistemática das amostras dos três Reinos da Natureza encontrados nas colônias e na incorporação dos dados em obras científicas. Este esforço fazia parte do projeto de Vandelli de produção de uma História Natural das Colônias, dirigido por Alexandre Rodrigues Ferreira no Jardim Botânico da Ajuda, que não chegou a ser concluído, apesar de terem sido preparadas várias chapas em metal para as gravuras. Mas algumas das obras dos viajantes foram publicadas por Fr. Veloso na Tipografia do Arco do Cego, com o intuito de fomentar o desenvolvimento econômico Português.