O deputado estadual Ronaldo Zulke está cheio de idéias para o meio ambiente. Autor de uma proposta de reabilitação do Rio dos Sinos, que prevê a instalação de pequenas estações do tratamento de água nos arroios da região, Zulke organiza agora os últimos detalhes de uma viagem à Europa com uma comitiva de prefeitos do Vale do Sinos. O objetivo é conhecer a experiência dos governos da Holanda e da Inglaterra no tratamento de rios. “Quero viabilizar uma ação consistente de reabilitação do Rio dos Sinos. Estou determinado em fazer do meu terceiro mandato um período marcado pela intervenção forte no tema do saneamento ambiental.”
O deputado, crítico da decisão do governo de retirar da Secretaria Estadual do Meio Ambiente a responsabilidade sobre a água, pretende ainda apresentar um projeto estabelecendo as Agências de Bacia, propor novas regras para a atividade de plantação de arroz e promover um seminário sobre o Rio dos Sinos. “Podemos ser, aqui em São Leopoldo, pioneiros no Brasil”.
ENTREVISTA/Ronaldo Zulke
Qual é a proposta do projeto de reabilitação do Sinos, incorporado pelo consórcio de municípios?O rio exige uma intervenção imediata. Nós temos uma energia muito forte na região, da sociedade civil, do poder público, por meio das mais diferentes manifestações, e nós estamos dando um passo extraordinariamente importante, que é a organização desse consórcio de municípios da região. Organizei um projeto de reabilitação do rio dos Sinos, encaminhei a todas as prefeituras, Comitesinos e para a equipe que elaborou o projeto do consórcio. Trata-se de um conceito novo. Nós precisaríamo de mais ou menos R$ 1 bilhão para as obras consideradas ideais, recursos que não estão disponíveis.
E como isso pode ser possível? Hoje, podemos fazer um trabalho consistente de recuperação da mata ciliar, de conscientização da população, e combinar isso com o trabalho de recuperação dos principais poluidores do rio dos Sinos: os arroios. Podemos oferecer um tratamento. A idéia é viabilizar estações de tratamento para os arroios, que hoje depositam no rio uma imensa carga de resíduos domésticos e industriais. Essa carga pode ser tratada. Isso não é contraditório com a idéia de fazer o tratamento dos resíduos já nas residências.
Todas essas propostas esbarram sempre na portaria da Fepam, que determina o tratamento absoluto de resíduos nos novos investimentos... Precisamos fazer uma discussão com a Fepam e convencê-los de que essa é uma solução tecnicamente viável e ambientalmente adequada. Temos que modificar a portaria que regula isso para obter a autorização para implantar as idéias.
O senhor também articula uma viagem à Europa. Qual o objetivo?Estamos fazendo uma visita técnica à Holanda e Inglaterra, do dia 11 de maio ao dia 20, para buscarmos lá subsídios e conhecermos a experiência de tratamento dos rios. Serão sete dias na Holanda e dois na Inglaterra. Também buscamos a possibilidade de parceria para viabilizar projetos, e quem sabe até obter recursos. Recebemos essa semana os convites e estamos preparando os últimos aspectos.
Muitos preparativos?Faremos essa semana uma reunião preparatória para acertar detalhes operacionais. Também já encaminhei o pedido de autorização legislativa para a viagem. Já temos uma proposta de agenda com visitas a experiências e reuniões com órgãos governamentais, tanto na Holanda quanto na Inglaterra. Estou agora em tratativa com o Ministério do Meio Ambiente para levar uma manifestação do governo brasileiro buscando essa parceria com o governo holandês.
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Jornal VS, 30/04/2007)