O deputado venezuelano Darío Vivas, que participa da 116ª Assembléia da União Interparlamentar (UIP), exigiu aos países industrializados que se responsabilizem pelo aquecimento global e criticou o "muro racista" que os Estados Unidos constroem na fronteira com o México. Para Vivas, que lidera o Grupo da América Latina e o Caribe (Grulac) da UIP, "estamos diante de um modelo irracional capitalista, ao qual não importa a vida, mas o ganho pelo ganho, o que leva a um aproveitamento irracional dos recursos naturais dos países", disse o deputado venezuelano à Efe.
Vivas assinalou que o aquecimento global é provocado fundamentalmente pelos países desenvolvidos e que, no entanto, suas conseqüências afetam com dureza a América Latina e o Caribe. "Queremos colocar aqui que é preciso assinar todos os protocolos necessários e afirmar que se não seguirmos um modelo mais humano, socialista, que responda aos interesses da qualidade de vida dos cidadãos, estaremos avançando em direção à destruição do planeta", declarou o legislador.
Vivas lamentou ainda a ausência dos EUA da UIP e criticou com dureza "o muro que o imperialismo americano constrói na fronteira com o México, que é um muro racista, discriminatório e que demonstra como o imperialismo despreza os povos, especialmente os latino-americanos". "Gostaríamos que os EUA estivessem representados aqui para poder debater com eles alguns temas e ter a oportunidade de perguntar-lhes em relação à libertação do terrorista Luis Posada Carriles, que foi posto em liberdade apesar de a Venezuela ter solicitado sua extradição", manifestou.
O deputado venezuelano admite que a UIP é um fórum que, apesar de ter conseguido nos últimos anos um fortalecimento político, ainda precisa de muito para se transformar em um órgão de decisão e pressão política. "A União precisa ter um papel mais beligerante sobre os temas do momento político. Temos que trabalhar buscando que este organismo que agrupa os Parlamentos do mundo tenha um papel fundamental na política mundial", opinou Vivas.
Os países agrupados no Grulac têm a intenção de "dar um maior conteúdo político aos debates, introduzir temas que tenham a ver com a região e gerar maior participação dos setores sociais". A Assembléia da UIP, iniciada ontem na ilha indonésia de Bali, acolhe mais de 700 parlamentares de todo o mundo e tem este ano como tema central o aquecimento global, embora também inclua outros três temas de discussão: a criação de emprego, a coexistência pacífica de religiões e a universalização da democracia.
A UIP, estabelecida em 1889 e organização política multilateral mais antiga do mundo, tem como objetivo promover a democracia no mundo e conta com 148 Parlamentos nacionais e sete assembléias regionais como membros.
(Efe, 29/04/2007)