Tropicalização da agricultura, chuvas irregulares e tempestades. Esses devem ser alguns resultados do aquecimento global em SC, de acordo com pesquisadores da áreaExistem duas previsões sobre a alta das temperaturas em Santa Catarina para daqui a cem anos, ambas feitas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A primeira prevê uma elevação de um a três graus na temperatura média, enquanto a segunda aponta para um aumento de até quatro graus.
As mudanças climáticas afetarão a agricultura catarinense, que deverá ser de culturas tropicais, prevê o presidente da Epagri, Murilo Flores. Em meio século, é possível que o Estado já não possua mais o cultivo de produtos que exigem temperaturas amenas, como a maçã. A produção de banana, café e laranja, hoje pouco expressiva, deverá predominar, caso haja uma elevação de dois graus na temperatura média em SC nesse período. Nos últimos 50 anos, já foram registrados aumentos médios de até 1, 3 grau em cidades como Caçador, no Planalto Norte.
- Conforme as temperaturas, poderá haver um aumento de 5 a 10% nas precipitações, que se concentrarão de forma irregular - alerta o pesquisador e meteorologista do Inpe, José Antônio Marengo.
Mudanças podem colocar em risco modelo fundiárioOs períodos de chuva intensa poderão vir acompanhados de tempestades e vendavais e se alternar com épocas de seca. Além dos problemas sociais. como enchentes e desmoronamentos que as fortes precipitações podem causar, a previsão de instabilidade também significa futuros danos para os agricultores que não armazenarem água.
- Isso pode colocar em risco a estrutura fundiária que é a base da economia de SC. É preciso considerar que dos 200 mil estabelecimentos rurais, 130 mil têm até 20 hectares. São pequenos agricultoresque não possuem verba para acompanhar as mudanças - diz Flores.
Para a professora de climatologia da UFSC, Magaly Mendonça o aquecimento global não deve ser conseqüência apenas de fatores como a poluição. Segundo ela, as mudanças climáticas sempre ocorreram na Terra.
- Não há dúvida de que o homem mudou o clima das cidades, mas existem questões geológicas e astronômicas que apontam para um resfriamento a longo prazo, apesar das previsões pessimistas.
(Por Mariana Ortiaga,
Diário Catarinense, 29/04/2007)