(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
semi-árido
2007-04-30

Comunidades rurais no semi-árido de Minas reclamam da dificuldade de acesso aos poços abertos com dinheiro público e denunciam apropriação irregular por fazendeiros e políticos

   
Poços tubulares comunitários, perfurados com dinheiro público e destinados a amenizar o sofrimento de famílias carentes na zona rural de Januária, a 603 quilômetros de Belo Horizonte, na Regi’ao Norte de Minas, são usados por fazendeiros para abastecer animais. Enquanto isso, os moradores das vizinhanças são obrigados a percorrer longas distâncias para apanhar água. Responsável pela instalação do equipamento, no final da década de 1990, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) vai investigar essa e outras denúncias de mau uso, feitas pelas comunidades prejudicadas.

O poço foi perfurado para atender 20 famílias de Cantinho, a 25 quilômetros de Januária, na fazenda de Oswaldo Dias Castilho, pai do ex-vereador Adolfo Dias Castilho, mas beneficia apenas um fazendeiro, que vive em São Paulo. Na ocasião, em obediência à legislação, Oswaldo formalizou a doação da pequena faixa de terreno à prefeitura de Januária, onde o poço foi aberto. O processo foi conduzido pela Associação Comunitária Amigos de Cantinho. Porém, ele vendeu a fazenda a um empresário paulista, sem esclarecer sobre a doação. Segundo os moradores, o novo proprietário alega não ter a obrigação de fornecer água às famílias. Também não foi feito o encanamento para o abastecimento domiciliar, como exigido pela Codevasf .

Três vezes por semana, o lavrador Antônio Alves dos Santos, de 60 anos, pai de cinco filhos, anda sete quilômetros, num carro de boi, para não passar sede. Também percorre a mesma distância para dar de beber a seus animais, que são tangidos. “Um bando de gente já falou para eu mudar daqui, porque onde não tem água não é lugar de uma pessoa morar. Mas, eu fico aqui assim mesmo”, diz.

Odilma Borges Martins, de 48, mulher de Antônio, não sabe o que é receber água encanada em casa, mas destaca sua importância. “É tudo na vida”, afirma. Para lavar roupa, também caminha sete quilômetros. Ela, assim como os demais parentes, toma “banho de copo, atrás de uma moita”, no quintal.

Joaquim José dos Santos, de 67 anos, precisa andar dois quilômetros para abastecer a família. A esposa, Terezinha Bispo dos Santos, de 66, diz que a carência limita o trabalho na pequena propriedade rural. “Não temos água para molhar as plantas”. O lavrador Expedito Ferreira dos Santos relata que, na época da abertura do poço, houve reuniões com os moradores para informar que teriam água encanada em suas casas. “Abriram o poço, mas nunca recebemos nada”, reclama.

A presidente da Associação Comunitária dos Amigos de Cantinho, Isabel Barbosa Martins, diz não ter cópia do documento de doação do terreno onde está o poço. Na área, próxima à sede da fazenda, foi instalado um reservatório com o logotipo da Codevasf.

Justiça

O vereador Antônio Carneiro da Cunha (PSDB), afirma que conseguiu os canos para o abastecimento. Porém, o atual proprietário da terra mandou avisar que, como comprou a fazenda de “porteira fechada”, não aceita que nenhum vizinho use o poço, usado para alimentar os tanques dos animais. O vereador ameaça ir à Justiça para resolver o problema. “As famílias não podem continuar sofrendo com a falta de água, porque o poço foi feito com dinheiro público”, diz.


(Por Luiz Ribeiro, Estado de Minas, 29/04/2007)

 

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -