Chefe da Agência Internacional de Energia cita como alternativas a substituição de usinas termelétricas por usinas de emissão zero, usando a energia solar, eólica, nuclearNão há uma "solução mágica" para resolver todos os desafios que o mundo enfrenta na área de energia, mas é preciso desenvolver uma série de tecnologias para cortar as emissões de dióxido de carbono (CO2), disse na sexta-feira (27/04), o chefe da Agência Internacional de Energia (AIE).
Claude Mandil, diretor-executivo da AIE, lembrou que a previsão é que o consumo global de energia suba quase 50% até 2030, sendo que a principal fonte dessa energia é a queima de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão de gás natural. Mas, de acordo com ele, a situação não é sustentável.
O mundo está produzindo cerca de 25 bilhões de toneladas de CO2 por ano, e essa quantidade cresce cerca de 1 bilhão de toneladas a cada dois anos, de acordo com Mandil. Ele disse que a meta deve ser eliminar 1 bilhão de toneladas de emissões de CO2 por ano.
"Podemos ter um futuro com energia sustentável a longo prazo, com tecnologias conhecidas e a um custo que não está fora de alcance", disse ele, num fórum da ONU sobre políticas de energia sustentável.
A queima dos combustíveis fósseis gera o CO2, um gás ligado ao efeito estufa e ao aquecimento do planeta. Mandil disse que é preciso promover fontes mais limpas de energia, além dos esforços para conter as emissões. "Não há solução mágica. Nada pode ser resolvido só com uma tecnologia."
Ele citou como alternativas a substituição de usinas termelétricas por usinas de emissão zero, usando a energia solar, eólica, nuclear, além da iluminação mais eficiente e da captação e armazenamento de carbono, que podem ajudar a reduzir as emissões de CO2.
"Mas tememos que, em 2030, as tecnologias de captação e armazenamento de carbono não estejam disponíveis a preços baixos ou em larga escala", disse ele.
Essa tecnologia pode contribuir de forma significativa para uma redução da emissão de CO2 até 2050, afirmou Mandil. A AIE, com sede em Paris, assessora 26 países industrializados no que diz respeito à política do setor energético.
Mandil também falou sobre os biocombustíveis, mas voltou a mencionar a questão do custo. "Não será possível mantê-los sustentáveis no futuro, com subsídios."
O Brasil e os Estados Unidos, os dois maiores produtores de etanol, assinaram no mês passado um acordo para trabalhar juntos no desenvolvimento da tecnologia e no estabelecimento de padrões para o comércio do combustível.
O chefe da AIE disse que o trabalho conjunto entre EUA e Brasil levará "biocombustíveis de segunda geração para o mercado, tomara que mais rápido que o previsto."
(Por Stephanie Nebehay,
Reuters, 27/04/2007)