Durante o Período Carbonífero, grandes florestas se desenvolveram na superfície do Planeta Terra, fato que permitiu a limpeza da atmosfera com a retirada dos gases tóxicos, principalmente o gás carbônico que embora não tóxico, provoca a asfixia quando satura o ambiente devido ao deslocamento e substituição do oxigênio no local.
A energia solar, além da fixação do carbono nas estruturas vegetais, devolveu o oxigênio à atmosfera, elemento essencial e indispensável à vida animal. Foi graças a esta “limpeza”, feita pela energia solar, através da fotossíntese, que permitiu a fixação do carbono, criando as gigantescas estruturas vegetais. Período Carbonífero aconteceu aproximadamente entre 360 a 286 milhões de anos durante chamada Era Paleozóica ou Paleozóico.
O Período Carbonífero proporcionou condições físicas, químicas e bioquímicas ideais para a formação de carvão, do xisto e do petróleo, pois eventos biológicos, geológicos e climáticos diversos caracterizaram este período. Um fato que muito nos interessa do ponto de vista geológico, foi a colisão da Laurásia (Europa, Ásia e América do Norte) e da Gondwana (África, Austrália, Antártida e América do Sul) produzindo os Apalaches, cadeia de montanhas da América do Norte e das montanhas hercinianas no Reino Unido.
Houve uma colisão posterior da Sibéria e Europa criando os montes Urais. A colisão destas placas tectônicas continentais provocou um revolvimento da crosta terrestre e das profundezas oceânicas com o soterramento de grande parte das gigantescas florestas e da vida vegetal marinha.
Condições adequadas de pressão, ambientes físicos, químicos e bioquímicos, propiciaram a formação dos depósitos de carvão, de xisto e de petróleo que ficaram intocáveis até que o engenho humano os descobrissem como fonte de energia e lucro.
A exploração destas fontes de energia está devolvendo à atmosfera, ao ar que respiramos, todo o excesso de carbono, sob forma de gás carbônico que, no período pré-Carbonífero impedia a vida animal.
Estamos intoxicando a atmosfera e retornando aquelas condições inóspitas do pré-Carbonífero, com um sério agravante, pois as florestas, absorvedoras naturais do gás carbônico, estão sendo dizimadas.
A nosso ver, a única saída:
Acreditamos que a solução está na própria Natureza, na energia solar, na fotossíntese e no verde das florestas. Vamos voltar no tempo e reconstituir o período da “limpeza” da atmosfera, o Período Carbonífero:
a) Os governos e a sociedade em geral criariam incentivos a um gigantesco reflorestamento plantando espécies vegetais de desenvolvimento imediato, de médio e de longo prazos.
b) A engenharia genética e a botânica seriam de grande utilidade neste tipo de planejamento porque o tempo urge e, dependendo do vegetal, ele já poderia ser colhido em alguns meses após o plantio e funcionariam como rápidos e eficientes seqüestradores de carbono, inclusive as gramíneas.
c) Todos e quaisquer resíduos, domésticos ou industriais, capazes de se decompor gerando gases, carbônico ou metano, seriam aproveitados como seqüestradores de carbono e teriam tratamento idêntico ao que será proposto abaixo para os produtos da biomassa.
d) Todo o material seria desidratado para redução de massa e de volume, utilizando-se para isso a energia solar, e enfardados.
e) Estes fardos seriam depositados em bolsões, espaços vazios, resultantes da retirada do petróleo, do carvão ou da atividade mineradora, em falhas geológicas a grandes profundidades e a seguir aterrados e compactados sob alta pressão.
f) A matéria orgânica depositada a grandes profundidades, conseqüentemente, sob alta pressão, não correria o risco de desenvolver reações aeróbias ou anaeróbias, por isso, não geraria o gás carbônico e, muito menos gás metano e, com o passar do tempo, atingiriam um estado de grafitização, estabilizando-se.
A grande vantagem seria o fato de que, nestes depósitos, só ficaria o carbono, deixando-se na atmosfera o oxigênio, tão necessário à vida animal, fato que não aconteceria se o gás carbônico fosse capturado in natura. Imitaríamos o Período Carbonífero com sua reconstituição de forma lenta, gradual, definitiva e segura. Não haveria, em absoluto, risco de acidentes ambientais.
O carbono, depositado a grandes profundidades, sob a forma de biomassa ou de resíduos diversos, como proposto, não teria condições de retornar à atmosfera a menos que fosse resgatado por mãos humanas. Reconhecemos que será um processo lento e bastante dispendioso, mas não acreditamos noutra saída para o tão grave problema ambiental que enfrentamos, o Efeito Estufa que aflige a humanidade.
(Por Antonio Germano Gomes Pinto, Ambiente Brasil, 27/04/2007)