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privatização da água nestlé
2007-04-27
Aumentam as denúncias contra a multinacional Nestlé pelo mau uso dos mananciais de água em diferentes partes do mundo e pelos conseqüentes danos ao meio ambiente e às comunidades locais. A organização ambientalista Sierra Club, associada à Corporate Accountability International e que para influir no controle empresarial adquiriu ações dessa empresa suíça, apontou suas mobilizações contra a sede da filial para a América do Norte da companhia, localizada na cidade de Greenwich, no Estado de Connecticut.

Os ambientalistas exigem “respeito do direito das comunidades locais de exercer um controle democrático no uso de seus recursos”. A Corporate Accountability International é uma organização dedicada a combater atividades corporativas irresponsáveis e perigosas. “A água é vital ao planeta e para a viabilidade das comunidades”, disse Ruth Caplan, presidente do Grupo de Trabalho sobre a Privatização de Água do Sierra club, com sede nos Estados Unidos.

“A Nestlé engarrafa a água das comunidades sem que seus membros saibam. A empresa se beneficia enquanto os consumidores pagam mais de mil vezes o custo desse recurso”, acrescentou. “As engarrafadoras não geram muito trabalho e costumam se beneficiar de descontos de impostos, por isso pouco ou quase nada chega às populações do lugar”, disse Peter Gleick, presidente do independente Pacific Institute, com sede na cidade de Oakland, no Estado da Califórnia.

A Sierra Club pretende utilizar sua influência como acionista para cobrar da Nestlé uma mudança em suas operações e que obtenha “o consentimento total e informado das comunidades onde engarrafa a água”. As críticas à empresa suíça vêm de uma série de casos nos quais a Nestlé Waters América do Norte prejudicou o meio ambiente por meio de suas operações de extração. Cidadãos dos Estados de Maine, Michigan e Califórnia abriram um processo contra as operações da engarrafadora.

A presidente a organização Michigan Citizens for Water Conservation (Cidadãos de Michigan pela Conservação da Água), Terri Swifter, recordou que a justiça já determinou que as operações da Nestlé nesse Estado eram prejudiciais para o meio ambiente. “A água pertence à sua população e não à companhia, nossa organização continuará fazendo tudo o que for possível para proteger esse recurso em Michigan para que esteja disponível às futuras gerações”, afirmou.

A Sierra Club informou que as operações da empresa nos Estados Unidos já degradaram lagos, afetaram pântanos, reduziram os níveis freáticos e continuam supondo um risco para o fornecimento da água de uso domestico e agrícola. “Em nível local, as conseqüências da extração de água nos ecossistemas é um assunto que preocupa. A fábrica pode extrair água sem prejudicar o meio ambiente ou o fornecimento à comunidade? Na maioria dos casos sim, mas, nem sempre. A indústria não garante de todo a falta de conseqüências”, disse à IPS Gleick.

Versão da empresa
A Nestlé alega que continua reduzindo a quantidade de água que utiliza em suas atividades. Em seu site da Internet, a multinacional indica que a quantidade de água usada em suas unidades passou de 218 bilhões de toneladas para 155 bilhões em 2006, apesar do significativo aumento do volume de produtos elaborados. Os requisitos técnicos mínimos ambientais dispostos pela Nestlé prevêem explicitamente a necessidade de, pelo menos, um projeto de redução da quantidade de água jogada fora por unidade processadora. O objetivo é minimizar seu uso ao mesmo tempo em que maximiza o reciclado.

Vinte e cinco por cento da água que a Nestlé consome é para refrigeração. Desse total, apenas se “toma emprestado” um quarto dos rios locais por um breve período e se devolve imediatamente como “água processada” não contaminada, diz o site. A companhia acrescenta que o impacto ambiental é considerado mínimo por seus técnicos, mas, ainda assim é continuamente controlado. O restante da água utilizada é reciclado de diversas maneiras. Dentro dos compromissos, que a Nestlé diz ter assumido para contribuir com a conservação do recurso hídrico, está garantir que no âmbito local a água devolvida ao meio ambiente esteja limpa e trabalhar com organizações civis para promover a conservação e seu acesso.

No entanto, Sierra Club se preocupa pelo fato de a água ser vendida a preço de mercado e “que fique relegada à categoria de mercadoria”, alertou Gleick. O acesso à água é um direito humano que não deve depender do mercado, lembrou o presidente do Pacific Institute. “A Nestlé não deve abalar a confiança da população na água encanada levando-a a crer que a engarrafa é, de alguma forma, melhor do que a outra, sobre a qual são realizados mais controles de qualidade”, disse à IPS Victoria Kaplan, da Food & Water Watch.

A Nestlé nunca conseguiu o consentimento explícito das comunidades afetadas pelo engarrafamento de seus mananciais, segundo a Sierra Club, que quer que a companhia permita com urgência que as pessoas opinem a respeito de suas atividades e garanta que não recorre ao seu desproporcional poder para influir nas decisões da localidade. As populações locais cada vez mais se opõem ao uso de suas terras por companhias internacionais como no Delta do Níger, onde expulsaram as empresas de petróleo, e na cidade peruana de Tambogrande, onde bloquearam uma mina de ouro.

Em 2005, o Contexto de Responsabilidade Mineira, elaborado por organizações não-governamentais, minorias, investidores e especialistas, codificaram o direito das comunidades aprovarem as atividades realizadas em seu território. O contrato entre a Nestlé e o distrito McCloud, na Califórnia, descumpre o direito dos habitantes da bacia do rio McCloud de determinar o uso de seus recursos e decidir se concede, ou não, o acesso às atividades da Nestlé, segundo a Sierra Club. A companhia possui 75 mananciais e produz sete marcas de água nos Estados Unidos.

(Por Eli Clifton, IPS, 26/04/2007)


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