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silvicultura corredores ecológicos mata atlântica
2007-04-27
Para reverter o quadro de degradação ambiental em São Paulo, empresários e organizações do terceiro setor apresentaram, no dia 19 de abril, em São Paulo, o projeto Corredores Ecológicos do Vale do Paraíba. Propondo a recuperação ambiental, social e econômica da região, o projeto é uma iniciativa da SOS Mata Atlântica, Instituto Ethos, Instituto Tomie Ohtake, Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Instituto Oikos de Agroecologia, Fundação Florestal, Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul (CBH-PS) e AMCE Negócios Sustentáveis.

A iniciativa é amparada na lei 9.985/2000 instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), e que estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. Segundo o SNUC, corredores ecológicos são porções de ecossistemas que ligam unidades de conservação e outras áreas naturais, possibilitando a dispersão de espécies, a recolonização de áreas degradadas e o desenvolvimento social e econômico das populações locais. O objetivo é conciliar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento socioeconômico.

Na etapa atual o projeto irá recuperar 150 mil hectares de florestas do Vale do Paraíba, entre a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar. Os municípios contemplados são São Luís do Paraitinga, Redenção da Serra, Natividade da Serra, Lorena e Guaratinguetá.

Por ter uma posição estratégica no local, a Votorantim Celulose e Papel (VCP) é a primeira empresa a fazer parte dessa iniciativa. Com uma área de 78 mil hectares que começa em Jacareí e abrange 40 municípios próximos, Unidade do Vale do Paraíba da VCP assume o desafio de ser a grande protagonista na recuperação da Mata Atlântica e promover o desenvolvimento sustentável da região. Nesta entrevista, o presidente da empresa, José Luciano Penido, fala da importância da atuação da VCP no projeto e dos principais problemas da região.

Em que consiste o projeto Corredores Ecológicos do Vale do Paraíba?
José Luciano Penido - É uma iniciativa de diversas organizações do primeiro, segundo e terceiro setor. Visa conectar núcleos de floresta da Mata Atlântica que estão se perdendo entre a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira, nas margens do rio Paraíba do Sul. A idéia é recuperar 150 mil hectares de área desmatada por meio do plantio de novas árvores, nos próximos dez anos. Nesse percurso, vamos cruzar trechos do Vale do Paraíba já muito urbanizados e industrializados. Por isso, o projeto não tem um cunho somente ambiental. Os aspectos sociais e econômicos também serão envolvidos. Essa região tem um potencial muito grande para o desenvolvimento sustentável, mas percebo que ainda há muita ação isolada acontecendo. É preciso haver mais diálogo entre as empresas que querem avançar nas questões sociais e ambientais do local.

Qual será o papel da VCP no projeto?
Penido - Vamos subordinar o planejamento do nosso plantio a instituições especializadas, como a SOS Mata Atlântica e a Fundação Florestal. Ou seja, essas organizações passarão a nos dizer onde é mais adequado plantar espécies nativas e onde é possível plantar eucalipto. A esfera socioeconômica também será contemplada. Nossas atividades estarão alinhadas com a geração de renda local, a fixação do homem no campo e a agricultura familiar. A intenção é transferir tecnologia e ajudar na redução dos riscos econômicos. Muitas vezes, por falta de orientação, o pequeno produtor perde a safra inteira e fica com o negócio prejudicado. Há pouco tempo, os produtores de leite do Vale do Paraíba tiveram problemas que chegaram a afetar a sustentabilidade do setor. Isso é ruim para todo o Vale. Outro ponto importante de atuação da VCP é dar incentivos para que o pequeno produtor dedique parte de sua propriedade para a produção florestal. Os países escandinavos, que estão entre os mais ricos do mundo e apresentam o mais alto IDH, são países florestais. Na Finlândia, Noruega, Dinamarca e Suécia, nenhum cidadão deixa um pedaço de terra nua. Tanto os solos orgânicos quanto as águas são protegidos. Esse é o grande sonho da VCP.

Isso terá um custo para a empresa?
Penido - Sim, há custos. Mas eles acabam sendo menos relevantes do que se imagina. O que estamos construindo é uma relação de pertencimento à sociedade. Quando nossos vizinhos entenderem qual é a responsabilidade das empresas com o meio ambiente e com a questão social do Vale, e aliarem suas estratégias ao desenvolvimento sustentável da região, vão perceber que retorno é muito maior do que se espera.

Algumas plantações de eucalipto no Vale do Paraíba foram feitas de maneira aleatória, sem respeitar as áreas de proteção ambiental. O projeto prevê alguma ação para reverter esse quadro?
Penido - Ao observar uma fotografia aérea do Vale do Paraíba, é possível ver maciços de eucaliptos plantados em áreas que deveriam ser de preservação ou destinadas a matas ciliares. Mas, por ambição ou mesmo ignorância, isso foi desrespeitado no passado. Também é muito comum na região encontrar plantios economicamente pouco desenvolvidos por falta de conhecimento do produtor. A Votorantim vai cooperar nesses dois pontos. A idéia é passar nossa tecnologia aos pequenos proprietários rurais e fazendeiros, para que o plantio florestal seja feito de maneira correta. Mas é importante deixar claro que não queremos mudar a vocação econômica natural da região.

As empresas de papel e celulose costumam ser vistas como as grandes vilãs do desenvolvimento sustentável. Como vocês lidam com isso?
Penido - Temos de reconhecer que o setor já foi muito poluente. As indústrias de papel e celulose ficaram famosas por contaminar os rios, o ar, e mexer com florestas nativas. Mas no Brasil as coisas são um pouco diferentes. Para extrair celulose, as fábricas de papel preferem o eucalipto a outros tipos de vegetação. Assim, o setor florestal de eucalipto pode exercer suas atividades e proteger a Mata Atlântica ao mesmo tempo. Cabe a ele estabelecer um posicionamento socioambiental e adotar metas que vão além do objetivo econômico.

O senhor acredita que a grande empresa tem mais facilidade para adotar uma postura sustentável do que a pequena e a média?
Penido - Não concordo com essa idéia. Fui vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e já vi pequenas empresas de um único dono com uma postura de responsabilidade social admirável. Conheci um empresário em Minas Gerais que percebeu que seus motoristas poderiam fazer uma campanha contra a prostituição infantil nos postos da Belém-Brasília. Olha que coisa simples e admirável! Cada empresa, independemente do tamanho, pode dar sua contribuição, que vai servir de exemplo para outros. A VCP está mais próxima no projeto Corredores Ecológicos porque somos o maior florestador da região. Posso dar uma ajuda para que o sonho da SOS Mata Atlântica se torne realidade e vamos trabalhar juntos.

E quanto à alteração da matriz energética? A VCP tem feito esforços nesse sentido?
Penido - Acredito que o Brasil seja um país muito feliz em termos de matriz energética. Mais de 90% dela vem da produção de energia hídrica, o que é muito bom. Por outro lado, já não há mais tantos locais para a construção de outras hidrelétricas. O setor de celulose e papel é auto-suficiente em energia de biomassa, a qual é obtida por meio da queima de cascas e pontas de galhos de eucalipto. Nossa fábrica em Jacareí é 95% auto-suficiente e só usa energia do grid nacional em momentos de parada de manutenção. Estamos trocando nossas matrizes de óleo diesel por gás natural. Também damos preferência aos meios de transporte que usam menos combustíveis fósseis. Usamos a Hidrovia do Tietê, as ferrovias, e reduzimos o uso de caminhão, que é movido a diesel e responsável por altas taxas de emissão. Além disso, as florestas de eucalipto são um ótimo veículo para seqüestrar carbono da atmosfera. E o papel, nosso produto final, não agride a natureza, porque pode ser reciclado de seis a sete vezes.

Como as outras empresas poderão participar do projeto Corredores Ecológicos?
Penido - Esse projeto deve atrair tanto as grandes como as pequenas empresas do Vale do Paraíba, porque todas podem contribuir de alguma forma. A região conta com empresas estratégicas, como a NovaDutra, a General Electric, a Volkswagen e a BCP. A indústria automobilística e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), responsáveis por grandes emissões de CO2, poderiam compensar suas emissões plantando árvores nas áreas estabelecidas pelos Corredores Ecológicos. A região do Vale também conta com ótimas universidades, que serão fundamentais nas ações educativas que o projeto prevê. Acredito que o grande charme dos Corredores Ecológicos é permitir que todas as empresas contribuam de alguma maneira para que o sonho de recuperar a Mata Atlântica seja alcançado dentro de dez anos.

(Instituto Ethos, 26/04/2007)


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