O zoneamento agrícola de riscos para a cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul deve ser divulgado até o mês que vem pela Embrapa e pela Fepagro. O estudo irá definir as regiões e os municípios indicados para a produção da gramínea voltada para a industrialização de açúcar e de álcool, bem como as cultivares apropriadas para cada tipo de solo. A informação foi confirmada pelo pesquisador da Fepagro Nídio Barni durante a audiência pública promovida pela Subcomissão de Cana-de-Açúcar, Álcool e Etanol em conjunto com a Comissão de Agricultura da Assembléia Legislativa, realizada ontem (26/4), na Capital. 'A definição pode ser o primeiro passo para viabilizar o plantio da cultura em larga escala no Estado, além de servir de base para os financiamentos de custeio das lavouras dentro do crédito agrícola', diz o relator da comissão, deputado Heitor Schuch. Conforme Barni, a meta é alcançar uma produtividade de 80 toneladas por hectare nas lavouras de cana e, no prazo de oito a dez anos, tornar o Estado auto-suficiente na produção de etanol.
Segundo o consultor da Fiergs, que estava representando o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), André Cirne Lima, as perspectivas iniciais indicam que o Rio Grande do Sul tem capacidade para produzir cana em 1,5 mil hectares, o que garantiria o abastecimento de 50 usinas. O presidente da Comissão de Agricultura, deputado Adolfo Brito, apoiou o incentivo a essa nova tendência que, segundo ele, surge como alternativa de geração de renda aos pequenos agricultores. O presidente da Fetag, Elton Weber, defendeu uma política voltada ao uso de energias renováveis pela agricultura familiar, e não apenas por grandes usinas.
O encontro também avaliou o potencial do Brasil na produção de biodiesel. Técnicos e empresários analisaram a viabilidade econômica e social do setor agroenergético. De acordo com os dados do Programa Nacional de Biodiesel, apresentado pelo gerente de projetos da empresa paulista Granol, Cláudio Tonol, o Brasil possui, hoje, potencial de 549 milhões de hectares. Contudo, são aproveitados somente 63 milhões de ha. 'O país tem as potencialidades que o mundo precisará para se abastecer de biodiesel no futuro', afirmou.
(Correio do Povo, 27/04/2007)