A revista britânica The Economist diz na edição publicada nesta quinta-feira (26/04) que o confronto entre o Movimento dos Sem Terra e o agronegócio no Brasil não tem solução.
"Para o MST, a demanda por reforma agrária é quase sem limite, e o conflito com a agricultura industrializada, insolúvel", diz a publicação, no artigo intitulado Esta terra é terra anticapitalista.
A revista diz que o MST no Brasil está mudando seu foco e cada vez mais se transformando num esforço contra a agricultura moderna, com foco na lucratividade, em vez de buscar a distribuição justa de terras.
Segundo a The Economist, "muito do ativismo tem pouco a ver com reforma agrária".
"No passado, os principais alvos eram grandes donos de terra locais. Mais e mais são grandes companhias, sejam elas brasileiras ou estrangeiras, ou o 'modelo de desenvolvimento' que elas representam."
ElogioA revista elogia o Movimento Sem Terra, dizendo que "seu ativismo ajudou a mudar o interior" do Brasil, impulsionando o assentamento de 900 mil famílias desde 1995.
"Outras mudanças têm pouco a ver com os protestos. O interior se modernizou, com os donos de terra à moda antiga dando lugar a herdeiros mais iluminados ou a fazendeiros de corporações, para os quais a terra é um negócio em vez de uma fonte de poder político."
A The Economist cita José Batista de Oliveira, membro do diretório nacional do MST, para quem o "agronegócio é o novo nome" da aliança entre "magnatas reacionários da terra e o capital financeiro".
A publicação também diz que o MST mantém uma relação "complexa" com o governo, ainda mais durante a presidência de Lula, "um aliado de longa data do MST".
O governo, segundo a revista, "evita confrontos oferecendo crédito subsidiado para que pobres fazendeiros comprem terras no mercado".
Mas o conflito no campo, embora tenha recuado, parece longe de ter parado, diz a revista.
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O Globo, com informações da BBC, 27/04/2007)