Por meio da apresentação de projetos, pesquisas e programas no seminário Conservação & Manejo Florestal na Caatinga, especialistas do Ibama e da Associação de Plantas do Nordeste (APNE) defenderam nesta quinta-feira (26) que o manejo sustentável no bioma pode dar certo, mas depende de conscientização.
O seminário, realizado no auditório do Ibama em Brasília, faz parte da programação da Semana da Caatinga, promovida pelo Ministério do Meio Ambiente entre os dias 23 e 27 deste mês. Nesta terça-feira, João Arnaldo Novaes Júnior (Ibama-PE), Maria Auxiliadora Gariglio (Ibama-RN) e Frans Pareyn (ANPE) fizeram apresentações sobre o manejo no bioma.
Atual superintendente do Ibama em Pernambuco, Novaes Júnior abriu sua apresentação traçando paralelo entre o modelo de controle tradicional e o Programa Mata Nativa na Revitalização do Rio São Francisco, do qual é coordenador e cuja principal tarefa é combater o desmatamento e incentivar o manejo florestal na Caatinga.
No Mata Nativa, a estratégia adotada foi integrar as ações de fiscalização dos órgãos governamentais. "Fizemos parceria com a Polícia Rodoviária Federal e as receitas estaduais para nos auxiliar na fiscalização", disse Novaes Júnior. Segundo ele, a polícia passou a cobrar o DOF (Documento de Origem Florestal) de motoristas de caminhão com madeira para punir infratores.
Outra medida do programa é forçar a apresentação de programas de manejo sustentável por empresários que utilizam a madeira da Caatinga como fonte de energia. Para este ano, as empresas terão de protocolar junto ao Ibama-PE seus planos até 30 de junho. Quem não se cadastrar terá sua empresa lacrada, disse o superintendente. "Já está havendo uma corrida pela legalização".
Coordenador do projeto de manejo sustentável da Caatinga em pequenas e médias propriedades rurais da microrregião do Moxotó (PE), o engenheiro florestal da APNE, Frans Pareyn, apresentou resultados do uso sustentável da madeira local, mostrando tabelas de corte e regeneração. "Os números são muito similares aos de unidades de conservação", disse.
Engenheira florestal do Ibama, Maria Auxiliadora Gariglio apresentou uma palestra sobre a situação atual dos planos de manejo na Caatinga. Segundo ela, dos 322 planos autorizados 250 estão ativos. "E desse total 200 são realizados em Pernambuco", disse. Ela demonstrou que o número é baixo, pois equivale a apenas 0,17% da área do bioma Caatinga.
Maria Auxiliadora informou ainda que só 6% do volume de lenha consumido no Nordeste são provenientes de exploração sustentável, o que provoca dúvida sobre os outros 94% utilizados. "Não há dados suficientes sobre isso, mas é bem provável que a maioria tenha como origem o desmatamento ilegal", afirmou.
Ao defender o êxito do manejo sustentável, a engenheira lembrou que com apenas 3% do bioma em projetos de manejo seria possível atender a toda demanda de energia do Nordeste. "Estamos diante de uma grande oportunidade", afirmou.
(Por Adriano Ceolin,
Assessoria de Comunicação MMA, 26/04/2007)