O líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa gaúcha, Raul Pont, voltou a defender, na sessão plenária desta quinta-feira (26/04), o projeto de zoneamento ambiental para a silvicultura elaborado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Estado do Rio Grande do Sul (Fepam).
Rebatendo críticas de que a proposta da Fepam é demasiadamente restritiva, Pont lembrou que o projeto libera 9 milhões de hectares para o plantio de árvores exóticas no Estado. "Um volume de terras desta ordem está muito longe de caracterizar um projeto restritivo", apontou o petista.
Segundo Pont, o total de áreas liberado pelo zoneamento para o plantio de árvores exóticas é nove vezes maior do que o pleiteado pelas empresas de florestamento. "Não há, portanto, lógica nos argumentos que classificam o zoneamento de restritivo. O que pode haver é a inconformidade das empresas que, talvez, desejassem escolher as áreas, a despeito da necessidade de preservação do meio ambiente", sugeriu.
Além do cumprimento das regras previstas no licenciamento, o governo do Estado deveria exigir, na avaliação do líder petista, que as empresas fabricassem o papel no Rio Grande do Sul. "As plantas industriais destas empresas são voltadas para a exportação. Com isso, vamos fornecer apenas a pasta de celulose, mas o papel será produzido no exterior, repetindo o que já acontece com minérios e grãos, que não pagam um centavo de impostos para o Estado", frisou.
Mau exemplo
Na tribuna da Assembléia, Pont fez um apelo aos deputados para que não ocorra no Rio Grande do Sul o mesmo que aconteceu no Espírito Santo, onde árvores exóticas foram cultivadas em larga escala e sem nenhum regramento. Ele citou estudo elaborado pela Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional (FASE) sobre o impacto da silvicultura naquele Estado. Conforme o relatório, o avanço da silvicultura nos últimos 30 anos acelerou o processo de migração interna, duplicando a população da capital, a partir da aquisição de pequenas propriedades rurais pelas empresas de celulose. A Mata Atlântica, segundo o documento, sofreu redução de milhares de hectares e os córregos próximos às plantações desapareceram.
Pont lembrou, ainda, que diversos municípios chegaram a perder até dois terços de seus territórios para as fazendas de eucaliptos.
(Por Olga Arnt, Agência de Notícias AL-RS, 26/04/2007)