Um crime ambiental na Colônia Agrícola de Samambaia acabou descoberto por acaso nesta quarta-feira (26/04). Frangos mortos, fezes e penas das aves eram jogados às margens do Córrego Samambaia, que deságua no córrego Vicente Pires e segue pelo Riacho Fundo. Ou seja, os dejetos caem direto no Lago Paranoá. Os fiscais suspeitam que o local era usado como ponto de refugo e lavagem de resíduos de granjas há pelo menos um ano. O mau cheiro exalado pela sujeira no lago invade a vizinhança.
Havia cerca de 300 caixas plásticas usadas no transporte das aves, que eram lavadas dentro de uma banheira no córrego. A água era captada por uma bomba, de forma irregular. Em alguns pontos do chão formou-se uma camada de lodo misturado a fezes. Entre os pés de bananeiras, mais aves mortas. O flagrante de crime ocorreu quando os fiscais da Subsecretaria do Sistema Integrado de Vigilância do Uso do Solo (Siv-Solo), da Companhia de Saneamento de Brasília (Caesb) e do Ibama-DF atualizavam as notificações dos moradores que terão casas ou muros erguidos em Área de Preservação Permanente (APP) derrubados.
O motorista de caminhão Cimar Custódio Ribeiro, 31 anos, assumiu toda a responsabilidade pelo crime ambiental. Foi autuado em flagrante e multado pelo Ibama em R$ 2 mil. Os fiscais farão um laudo para avaliar os impactos ambientais e, dependendo o resultado, uma nova multa pode ser aplicada. Existe a suspeita dos órgãos fiscalizadores de que ele não seja o único responsável. Mas como assumiu sozinho a culpa, somente ele será punido. “É crime executar atividade potencialmente poluidora sem licença ambiental. Aqui existe o agravante de ser dentro da Área de Preservação Permanente do Córrego Samambaia”, explicou Elda Vargas de Oliveira, analista ambiental do Ibama.
Cimar Ribeiro disse à reportagem que faz o transporte de aves para granjas do Distrito Federal. E que começou a lavagem das caixas usadas para ele e outros transportadores, para complementar a renda. “Conversei com outros motoristas e propus lavar o material. Eles trazem as caixas sujas e pegam limpas”, explicou. Em média ele lavava 450 caixas por semana ao preço de R$ 100 por cada 150 embalagens limpas. No local trabalhavam ele e outros três rapazes, que recebiam em média R$ 50 por semana. “Saber que era errado eu sabia. Não há nada que eu diga que justifique isso. É o mesmo que você perguntar a quem invade um lote porque ele invadiu algo que não era dele”, comparou.
(Por Adriana Bernardes,
Do Correio Braziliense, 26/04/2007)