O governo tem até maio para definir se levará adiante o projeto de construção do complexo hidrelétrico do Rio Madeira ou se investirá em empreendimentos térmicos a carvão ou nucleares para garantir o abastecimento de energia.
"Certamente não será eólica, certamente não será solar", disse hoje o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, ao comentar que a solução para garantir o abastecimento de energia com uma eventual ausência do projeto do Madeira (cerca de 6 mil MW) não virá dessas fontes alternativas de energia.
"Pode ser nuclear, ou qualquer outra térmica", disse, diante da dificuldade do governo diante do impasse envolvendo o licenciamento prévio ambiental dos projetos, a cargo do Ibama.
"Se até maio nós não tivermos isso [uma solução para o impasse em relação ao licenciamento prévio das usinas do Madeira], certamente nós estaremos discutindo uma fonte térmica para substituir a melhor fonte que nós temos, que é a hidráulica, que entendemos do ponto de vista econômico, ambiental, e que garante a segurança energética no país."
A primeira usina do complexo do Madeira estava prevista para entrar em operação em janeiro de 2011, e a segunda para janeiro de 2012, de acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica, divulgado em março do ano passado.
Recentemente, o ministro apontou as usinas a carvão (que é poluente) e nuclear (com a qual o Ministério do Meio Ambiente não concorda) como alternativas mais competitivas do ponto de vista econômico, depois das hidrelétricas.
"Madeira é um bom projeto. [A hidráulica] É a melhor fonte do ponto de vista econômico, combinado com a questão ambiental", disse o ministro, ao comentar que o esforço do governo neste momento é de "trocar a questão do não pode, e encontrar a forma de como nós vamos poder enfrentar esse desafio e realizar o projeto do Madeira".
Rondeau disse ainda que não vê como a possível divisão do Ibama possa ajudar no projeto do complexo hidrelétrico. "Não vejo como. O que pode ser feito é isso: enfrentarmos a questão e encontrarmos uma resposta para os questionamentos que estão sendo feitos no tempo em que possa fazer a licitação o mais rápido possível", completou.
No entendimento do Ministério de Minas e Energia, que encaminhou ao Ibama estudos financiados com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o projeto é viável do ponto de vista ambiental.
"Todos os requisitos, mesmo os do ponto de vista ambientais, foram atendidos nos estudos", disse Rondeau, referindo-se não só aos estudos enviados pelo Ministério quanto aqueles elaborados pelo consórcio envolvido no projeto, formado pelas empresas Furnas e Odebrecht.
(Por Patrícia Zimmermann,
FSP, 25/04/2007)