Considerado uma praga pelos biólogos, o mexilhão dourado pode virar arte ou adubo. A ONG Saladeiro pretende mostrar em artesanato as possibilidades de emprego do molusco como peça de arte. A Saladeiro também está estudando, junto à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a possibilidade de ele servir de adubo em plantações.
- Aproveitaremos o curso de artesanato para alertar os pescadores sobre o molusco. Suspeita-se que eles tragam as larvas da represa de Salto Grande, no Uruguai, onde são retirados vários quilos de mexilhões ao mês. Muitos pescam na localidade, e é preciso um cuidado redobrado para não trazer a larva do mexilhão para cá - fala Argemiro Rocha, vice-presidente da ONG Saladeiro.
O mexilhão dourado é alvo de estudos da Saladeiro e de outras ONGs do Uruguai e da Argentina, em Barra do Quaraí, na Fronteira Oeste. A presença já constatada e em crescimento do molusco no Rio Uruguai e confluência com Rio Quaraí pode trazer resultados desastrosos ao ecossistema, alertam os especialistas.
Rocha explica que a praga forma aglomerações consideráveis em árvores e plantas das margens dos rios, levando-as à morte. Pode ainda se incrustar em determinados peixes, obstruindo vias respiratórias. Com os mexilhões se proliferando, a alimentação dos peixes nativos se modifica, alterando o sabor.
- Esses são apenas alguns problemas já constatados. Ainda estamos em fase de estudos para viabilizarmos uma maneira de equilibrar a proliferação - diz.
Saiba mais- Vive 36 meses e mede 30 milímetros
- Natural de rios e arroios da China. O primeiro registro na América do Sul foi no Rio da Prata, em 1991
- O molusco não tem predador natural. Sua reprodução é muito rápida. Pode atingir uma área de 250 quilômetros em um ano
- Além dos danos ao ambiente, a aglomeração de mexilhões pode obstruir ou reduzir a luz interna de encanamentos e diminuir a velocidade do fluxo da água
(Por Marina Lopes,
Zero Hora, 26/04/2007)