BARÕES DA FLORESTA: AMAZONINO MENDES
2001-11-05
Amazonense de Eirunepé, Amazonino Mendes, do PFL, governa com mão de ferro o Amazonas pela terceira vez. Filhote do boto tucuxi, Gilberto Mestrinho, que o nomeou prefeito de Manaus na década de 80, Amazonino acabou superando o criador. É, hoje, sem dúvida, o grande eleitor de seu Estado. É, também, um dos governadores de Estado mais assediados pelo Ministério Público Federal. Não sem motivo. Ao assumir o governo do Amazonas pela segunda vez, Amazonino tratou de criar empreiteiras, dirigidas por laranjas, que ganharam todas as principais obras de sua gestão. Nesse ínterim, construiu uma mansão digna de Hollywood, na periferia de Manaus, às margens do igarapé Tarumã, que deságua no rio Negro, avaliada por especialistas do mercado imobiliário em R$ 5 milhões, que virou atração turística na capital amazonense. E, pasmem, Amazonino paga um IPTU irrisório sobre o imóvel. - Amazonino paga R$ 600 de IPTU. Deveria ser de R$ 12 mil para uma área de 50 mil metros quadrados do terreno, acusa o deputado estadual Mario Frota, do PDT, o primeirio a denúncia o cenário cinematográfico da casa do governador. Amazonino declara ter feito sua suntuosa mansão com um empréstimo obtido junto à Caixa Econômica Federal, mas há controvérsias. Tanto, que o ministro César Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou que a Justiça federal no Amazonas promova uma avaliação judicial de sua mansão. O imóvel possui elevador panorâmico, várias suítes, quadra de esportes e até um heliporto. Foi construída próxima a lagos artificiais e atrai turistas que vão a Manaus, que são impedidos de chegar perto da casa por policiais militares. O polêmico governador amazonense não reside em sua mansão que, segundo sua assessoria, enfrenta problemas de vazamento. Mas seus adversários políticos garantem que ele deixou a casa por se sentir molestado pelos turistas que vão visitá-la. - Eu pensei, no início, que fosse um anexo do hotel Tropical, afirma o deputado Mario Frota (PDT). - Só depois fiquei sabendo que era a casa do governador Amazonino, acrescenta. A casa tem entrada pela pista que vai para a Marina Tauá - uma estrada que Amazonino mandou fazer para dar acesso à sua mansão. - Só a torre com elevador panorâmico da mansão equivale a um prédio de cinco andares, diz Mario Frota, lembrando que o imóvel tem quatro piscinas interligadas, cascatas e vidros à prova de bala. A Superintendência da Receita Federal no Amazonas já recebeu autorização do STJ para realizar uma perícia fiscal nas declarações de bens e rendimentos de Amazonino para verificar se há compatibilidade entre a renda do governador com os recursos empregados na construção do luxuoso imóvel. A perícia será realizada sob a coordenação da juíza federal Maria Pinto Fraxe. Nesse trabalho será verificado em cartório de registro de imóveis a cadeia de proprietários da área onde a mansão foi construída, bem como o preço de aquisição do terreno. No despacho do ministro do STJ, está prevista ainda uma consulta ao Conselho de Corretores de Imóveis de Manaus sobre o preço do metro quadrado na área onde o imóvel foi construído. A Caixa Econômica Federal já confirmou que liberou apenas R$ 250 mil para o governador, por meio de empréstimo, para a construção da mansão. O governador Amazonino Mendes, na versão da música Domingo no Parque, de Gilberto Gil, seria João, o rei da confusão. Nos últimos anos, depois de comandar a prefeitura de Manaus e o governo do Amazonas por três vezes, Amazonino se viu envolvido em uma série de denúncias de corrupção, mas nunca chegou a enfrentar o banco dos réus. A maioria dos processos que responde se encontra sob segredo de Justiça.