Segundo o presidente do Programa Internacional da Geosfera-Biosfera (IGBP),
Carlos Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), o governo brasileiro ainda não encontrou a fórmula para livrar o
país dos efeitos negativos da agricultura na emissão de gás metano (CH4).
Considerado um dos mais perigosos gases poluentes da atmosfera, o metano
também é emitido pelos rebanhos. Nobre destacou que cada molécula de metano
tem um efeito estufa maior. Só que o metano existe na atmosfera em
quantidades muito menores que o gás carbônico. Hoje, a quantidade de metano
na atmosfera é cerca de 250 vezes menor que a de gás carbônico. O efeito de
todo o metano na atmosfera para aquecer o planeta é cerca de um quarto do
gás carbônico. Isso tem de ser levado em conta. O gás carbônico é o
principal gás de efeito estufa globalmente, explicou.
O pesquisador informou que o Brasil tem inúmeros projetos para evitar que o
metano gerado pelo lixo chegue à atmosfera e salientou que a fonte principal
desse gás não são os lixões.
No caso do Brasil, são os bois. É através do arroto, na pré-digestão, que os
bovinos emitem gás metano do alimento ingerido. A Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está medindo a emissão de metano pelo gado,
com a finalidade de descobrir a quantidade emitida, afirmou Carlos Nobre.
Ele acredita que o mais importante é saber se há condições de reduzir as
emissões dos bovinos.
Essa pesquisa precisa ser feita. Ela é importante mundialmente,
particularmente no Brasil. O conhecimento sobre os processos de gestão
animal indicam que seria até desejável diminuir a emissão de metano dos
ruminantes porque o metano tem energia. Se o boi está expelindo metano é
porque a digestão não conseguiu retirar toda a energia do alimento. Está
voltando um gás que tem energia.
Para o presidente do IGBP, a descoberta do aproveitamento integral do
alimento que o gado come, seja pastagem ou ração, de modo a que os bois não
emitam mais metano, tem vantagens até para a produção de gado e leite. Ele
afirmou, contudo, que esse é um assunto ainda muito pouco explorado no país.
(Caderno Ambiente -
Zero Hora, 26/04/2007)