A área desabitada e contaminada ao redor da usina nuclear de Tchernobil deve ser usada novamente, disse o presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, na quarta-feira (25/04), na véspera do 21º aniversário do pior acidente nuclear da história.
Em 26 de abril de 1986, a explosão e o incêndio ocorridos no reator número 4 de Tchernobil lançaram uma nuvem radioativa sobre a Europa, contaminando grandes áreas de terra e levando o governo da então União Soviética a retirar mais de 300 mil pessoas da região permanentemente. Uma área de 30 quilômetros ao redor da usina permanece fechada ao público.
"Estou convencido que a área de Tchernobil está revivendo (...) e, aos poucos, começaremos a desenvolver possibilidades para esse território", disse Yushchenko durante uma conferência em uma escola perto de Kiev, transmitida ao vivo pela TV. Projetos em estudo incluem uma reserva natural que aproveitaria a vida selvagem que ressurge na área e a utilização da região para produzir biocombustível, disse o presidente ucraniano. Ele também afirmou que gostaria de ver um centro internacional de pesquisas científicas para estudar os efeitos do acidente nuclear.
"Esta terra deve ser revitalizada", afirmou. "Devemos olhá-la como tendo perspectivas, e não com a sensação de que é um território que foi apagado do mapa." A construção de uma nova estrutura para cobrir o reator número 4 começará em "alguns meses", declarou Yushchenko. O projeto de US$ 1,1 bilhão, que depende de fundos internacionais, já foi adiado várias vezes, embora a atual proteção de concreto e aço, erguida às pressas, esteja desmoronando.
Nos primeiros dois meses após o desastre de Tchernobil, 31 pessoas morreram em decorrência de doenças provocadas pela radioatividade. A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que cerca de 9.300 pessoas afetadas morrerão de câncer. Já grupos como a organização ambientalista Greenpeace insistem que o número pode ser dez vezes maior.
(Associated Press, 25/04/2007)