Os rios que abastecem as principais usinas hidrelétricas da Cemig estão com a vazão reduzida. A informação foi divulgada segunda-feira (23/04) pela estatal, diante de um comparativo entre a situação deste mês e a média histórica para esta época do ano. A diminuição no volume do Paranaíba, no Triângulo Mineiro; São Francisco, na Região Central; Grande, no Sul; e Jequitinhonha, no Vale do Jequitinhonha, decorre da antecipação do fim da estação chuvosa. O quadro, no entanto, ainda não preocupa os técnicos, porque os 53 reservatórios de água da empresa estão cheios, com pelo menos 95% da capacidade máxima.
O rebaixamento do nível dos rios normalmente ocorre no início do inverno, mas este ano as últimas chuvas de grande intensidade foram registradas apenas até meados de março, e não até abril, como de costume. De acordo com a Cemig, há dois outros fatores de comprometimento: o desmatamento da vegetação ciliar e a elevação da temperatura média durante o outono.
Segundo o engenheiro de planejamento hidroenergético da Cemig Marcelo de Deus, a retirada da cobertura vegetal, especialmente no Norte de Minas, prejudica a absorção de água pelo solo. “O bom comportamento das bacias hidrográficas depende diretamente da presença da vegetação. O terreno fica ressecado quando exposto ao Sol, e a água não consegue se infiltrar até os lençóis freáticos, responsáveis por alimentar os leitos dos rios. Com isso, há piques no momento da chuva, mas o volume de água não se sustenta por muito tempo”, disse Marcelo.
As temperaturas entre dois e três graus acima do previsto para esta época favorecem a evaporação e dificultam a retenção da água no solo. “A temperatura média máxima em Belo Horizonte, por exemplo, que costuma ser de 27 graus, chegou perto dos 30 graus nos últimos dias. As estações pouco definidas, como outono com características de verão, são provas de que estamos vivendo os efeitos do aquecimento global”, explicou o coordenador do Centro de Climatologia MG Tempo/ Cemig/ PUC Minas, Ruibran dos Reis.
Segundo a Cemig, os casos mais críticos são os rios Jequitinhonha, que abastece a Usina de Irapé, e Grande, que alimenta a Usina de Furnas, ambos com apenas 50% da vazão. As hidrelétricas do Triângulo – Emborcação e Nova Ponte, no Rio Paranaíba – são as mais privilegiadas, já que o rio mantém cerca de 70% da vazão, o mesmo patamar do São Francisco, perto da Usina de Três Marias, na Região Central. “Medimos o volume de água que chega ao reservatório a cada segundo, para garantir a operação adequada das hidrelétricas”, contou Marcelo.
Previsão
Apesar da frente fria que provocou chuvas durante o fim de semana, a previsão para os próximos dias é de Sol e calor, com pancadas de chuvas isoladas em todo o estado.
De acordo com o meteorologista Ruibran dos Reis, uma massa de ar fria deve chegar ao Rio de Janeiro no sábado, causando aumento da nebulosidade e queda de temperaturas também em Minas, na semana que vem.
O pequeno volume de chuvas nos próximos meses faz parte dos efeitos da La Niña, fenômeno meteorológico causado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, no litoral do Peru e Equador, e que altera o deslocamento de massas de ar no Brasil.
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Estado de Minas, 24/04/2007)