O ex-secretário estadual da Agricultura, Odacir Klein, assumirá o cargo de presidente de uma nova associação das empresas do setor do biodiesel que está sendo formalizada e deverá ser chamada de Instituto Brasileiro de Desenvolvimento do Biodiesel. A organização nasce com a participação de 26 empresas. Além disso, Klein também foi convidado por companhias da cadeia produtiva do milho para coordenar a criação e possivelmente presidir uma Associação Nacional da Produção do Milho. O dirigente mostra-se otimista com as expectativas do agronegócio brasileiro.
Jornal do Comércio - Qual é o objetivo do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento do Biodiesel?
Odacir Klein - O biodiesel é um programa que veio para ficar e é preciso que ele seja bem implementado para que não se verifiquem problemas no seu desenvolvimento. A colaboração do setor privado através do instituto, discutindo, sugerindo e reivindicando é importante. O governo tem a iniciativa do programa, mas os riscos são dos empreendedores privados. No caso específico do biodiesel, o maior risco é da indústria que tem que investir, se preparar e isso precisa de algumas garantias. O setor quer participar ativamente disso.
JC - Quais são as reivindicações das empresas do setor?
Klein - Há uma série de questões a serem discutidas como, por exemplo, o biodiesel proveniente da agricultura familiar que tem estímulos através de redutores da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). Nós entendemos que um programa como o de biodiesel deve estimular a inclusão social, mas como programa o seu primeiro objetivo tem que ser o de possibilitar garantias para que a comercialização do combustível não corra riscos, que o investidor tenha escala. O governo criou uma obrigatoriedade de 2% de uso do biodiesel na mistura do óleo diesel prevendo que a partir de 2013, em vez de 2%, o percentual aumente para 5%. As empresas têm o pleito para que essa obrigatoriedade dos 5% seja antecipada.
JC - Há condições de produzir oleaginosas suficientes para a fabricação de biodiesel e para o uso alimentar?
Klein - Essa dicotomia de alimentos e biodiesel tem de ser superada. Nós temos áreas geográficas com condições de propiciar um grande desenvolvimento quanto ao plantio de oleaginosas, sem prejuízos para a produção de alimentos. É preciso fugir dessa dicotomia. Essa impossibilidade é um discurso do Chávez (Hugo Chávez, presidente da Venezuela) que tenta evitar que tenhamos um programa mais aprofundado de biodiesel.
JC - Como as companhias de biodiesel podem se precaver quanto a uma eventual quebra de safra?
Klein - A quebra de safra é sempre um risco da atividade econômica. A precaução se dá através de processos de irrigação, de avanços na qualidade da semente, mais resistente à estiagem, mas não há como a indústria se precaver por inteiro.
JC - O senhor acredita que todos os projetos anunciados sairão do papel?
Klein - O volume de biodiesel que será colocado no mercado aumentará com o tempo. A própria população brasileira, em função da questão ambiental, deverá ser seletiva e buscará o consumo do biodiesel. A tendência é de os projetos deslancharem porque haverá mercado.
(Por Jefferson Klein, Jornal do Comércio, 23/04/2007)