Os perigos decorrentes do aquecimento global, divulgados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (em inglês, IPCC), provocam impacto até mesmo em Bauru. Desde janeiro, o número de denúncias de corte de árvores cresceu em média 20%, de acordo com estimativa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma).
Segundo o titular da pasta, Rodrigo Agostinho, desde que assumiu a secretaria, em janeiro deste ano, as denúncias de corte de árvores não param de aumentar. “Tem dia que chove ligações. Apenas no caso da poda das árvores do Senai, recebemos 50 contatos. A cada corte, há pelo menos um contato relatando o fato. Isso é positivo, porque mostra que a população está de olho, preocupada”, afirma.
Essa ação efetiva dos munícipes teve reflexo também na quantidade de multas aplicadas. Até meados deste mês, a Semma emitiu 581 autuações por corte irregular ou poda drástica de árvores em Bauru. Só nos quatro primeiros dias úteis de abril foram 15 autuações.
Cortar uma árvore em extinção pode até acarretar detenção pelo período de três meses a um ano. Já a execução de podas e procedimentos errados ou sem autorização da Semma incorrem em multas que variam de R$ 42,00 a R$ 3.200,00. A pena por corte sem autorização é de R$ 500,00 por árvore.
A tendência de aumento no número de denúncias é simples de ser entendida e pode multiplicar ainda mais após outros esclarecimentos. Além de “filtrar” o ar, fornecer alimento e impedir erosão, as árvores também podem reduzir enchentes e ajudar a diminuir a incidência de buracos nas ruas fornecendo apenas sombra.
“A maior responsável pelo desgaste asfáltico é a mudança repentina de temperatura. A incidência de sol eleva a temperatura do solo a altos índices e quando chove ela é reduzida drasticamente. Com mais árvores, teríamos mais sombras, o que levaria à redução desse impacto”, explica da engenheira florestal a Semma Marcela Mattos de Almeida Bessa.
Interpretando as explicações científicas da especialista, é possível dizer que, se a cidade contasse com população adequada de árvores, as enchentes também se reduziriam. “Pesquisas apontam que árvores adultas, com a copa preservada, retém 70% da água da chuva e da enxurrada, que é mais incidente no início da precipitação”, revela.
“Não podemos maltratar as árvores. Elas surgiram muito antes da gente e têm papel essencial até mesmo para a redução dos impactos da urbanização”, completa a especialista.
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Jornal da Cidade de Bauru, 23/04/2007)