Deputados do RS lançam fórum contra o aquecimento global
ipcc
2007-04-23
O deputado estadual Paulo Borges (DEM), também titutar da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, realizou a 1ª edição do Fórum Aquecendo a Consciência Ambiental no RS. O encontro, realizado no Jardim Botânico no dia 19 de abril, reuniu mais de 20 especialistas, representantes do Núcleo de Pesquisas Antártica e Climáticas (Nupac), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais de SP (Inpe) e órgãos do Estado (Fepagro, Corsan, CEEE, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil), entre outros pesquisadores e entidades. Na pauta, a discussão sobre as conseqüências do aquecimento global para o Estado gaúcho e a proposição de um cronograma de estudos, ações de prevenção e educação ambiental e aplicação de políticas públicas para esse Fórum que se pretende permanente.
IPCC é a base da discussão sobre mudanças climáticas no Rio Grande do Sul
Os desafios desenhados pelo recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) reforçou a iniciativa do Fórum Aquecendo a Consciência Ambiental no RS. "O documento, que reuniu informações coletadas por 2,5 mil cientistas de 130 países, divulgado em Bruxelas no início deste mês, revela posições duras sobre o aquecimento global e afirma que 90% das alterações no meio ambiente são causadas pelo próprio homem.
O estudo identifica evidências reais sobre as mudanças extremas do clima (que afetam o regime dos ventos, as precipitações, a concentração de sal nos oceanos, as camadas de gelo), e aponta fatos "palpáveis" como o aumento das temperaturas no Ártico (atingiu o dobro face à média global), nos países do Mediterrâneo e em África, e a ocorrência de fortes precipitações no continente asiático e a norte e sul da América.
Falta conhecimento do clima gaúcho e ações integradas
Com base no IPCC, o professor Jefferson Simões (Nupac - Núcleo de Pesquisas Antárticas e Climáticas) questionou que o Estado "vai muito mal" em relação aos estudos que tratam das bases físicas das mudanças climáticas.
" Falta ações integradas, esse é o problema. Há muita informação, muitos dados, mas por dificuldade de acesso, pouco trabalho", diz Simões. E salienta, "O Rio grande do Sul é uma região abandonada". Opinião compartilhada, também, pela bióloga e doutora em biogeografia, Luiza Chomenko. Segundo ela, "as informações são dispersas e é preciso que se promovam ações de formulação de políticas públicas que abranjam os distintos setores básicos a serem atingidos." Luiza Chomenko, considera o Fórum "Aquecendo a Consciência Ambiental no RS" um "vetor de incentivo" às ações que envolvam órgãos (públicos, privados e terceiro setor), atuantes no debate sobre Aquecimento Global. "O Fórum é um ponta pé inicial", diz.
Um momento para "unificação de pensamentos", assim definiu o Coronel Marco Aurélio Forlin, da Defesa Civil do Estado. Segundo Forlin o ser humano está interferindo cada vez mais no meio ambiente e só com a conscientização da população e as políticas públicas é possível prevenir os desastres climáticos constantes.
O Estado precisa se preparar
Paulo Borges, que sempre esteve envolvido com os "fenômenos do tempo", levou para a atividade política muito mais que a preocupação em apresentar a meteorologia diária.
Segundo ele, torna-se imprescindível que o Estado se prepare para atender e gerar ações às prováveis modificações no seu meio ambiente e seus efeitos no desenvolvimento econômico e social. "Isso apenas será possível por meio da discussão e atualização do conhecimento entre entidades especializadas nos mais variados aspectos sobre o clima gaúcho, seguida de estudos e avaliações de seu impacto", explica.
"É preciso fazer a lição de casa, entender melhor o clima do RS", afirma o meteorologista Gilvan Sampaio, representante do CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos). Segundo o meteorologista "agora q caiu a ficha" da comunidade científica, da população e da mídia.
"Não é ficção, não é mito. Temos que entender o clima e os efeitos do aquecimento global e nos adaptar, e isto é o que este fórum busca", explica Gilvan. Para ele o grande ponto é a educação. "É preciso gerar programas ou mecanismos para que as crianças, desde pequenas, entendam o meio ambiente ", diz.
Borges defende a importância de um debate árduo, consistente, que resulte em ações concretas. "Vejo hoje uma tímida participação gaúcha, seja do ponto de vista governamental, empresarial e até mesmo da comunidade científica, por isso tomei essa iniciativa", sinaliza.
A intenção do deputado é que, a partir do fórum, seja possível uma atuação constante da Assembléia Legislativa no acompanhamento de estudos sobre o clima gaúcho, e assim gerar ações de educação ambiental e preservação do meio ambiente.
(Por Daiana Bado, Agência de Notícias AL-RS, 20/04/2007)
www.al.rs.gov.br